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Domingo, 21 Maio 2006 12:44

BRASIL
Plano de seguros divide a comunidade gay



PortugalGay.pt

Publicado em www.atarde.com.br .


Na semana em que o movimento gay de todo o Brasil mobilizou-se pela oficialização do 17 de maio como “Dia de Luta contra a Homofobia”, uma empresa de São Paulo resolveu apostar neste nicho de mercado. Para isso, criou uma linha de seguros de vida especialmente voltada para o público gay, o Vida Freedom, que foi lançado nacionalmente esta semana.

A iniciativa busca atingir uma fatia do mercado de 18 milhões de homossexuais em todo o país, assumidos ou não, que vivam relações estáveis e busquem a segurança financeira para seus parceiros e encontravam os mais variados obstáculos nas mais de 140 empresas de seguros existentes no mercado. "Os gays que procuram um serviço convencional muitas vezes são maltratados, nunca têm uma pessoa que possa lhes orientar e às vezes até pagam dobrado única e exclusivamente por causa de sua orientação sexual", revela Francisco de Assis Fernandes, diretor de novos mercados da America Life Seguros, criadora do serviço.

Como terceira maior cidade do Brasil, Salvador cumpre papel decisivo nas pretensões da seguradora. "Estamos apostando bastante em vocês. Sabemos da existência do Grupo Gay da Bahia (GGB) e que ele é muito coeso e combativo", releva Fernandes. Segundo o corretor, as cidades onde se espera mais resultado com o Vida Freedom são Rio de Janeiro, São Paulo e Recife, além da capital Baiana.

Migalhas

A novidade agradou ao presidente do GGB, Marcelo Cerqueira, que não conhecia o serviço. "Atualmente a luta dos gays para se estabelecer na sociedade é quase titânica. Quando aparece alguém que resolve nos proporcionar isso é de grande ajuda", elogiou. Cerqueira confirmou que são comuns casos de homossexuais serem maltratados ou enganados em empresas de seguros de vida ao revelar que pretendem beneficiar seus companheiros. "Na atual situação em que estamos, aceitamos até migalhas", afirma.

Já o casal de estudantes Suzana e Sara (nomes fictícios), com uma relação estável de mais de três anos, discorda da opinião do presidente do GGB. “Não aceitamos migalhas. Aceitar qualquer coisa que lhe ofereçam é submeter-se voluntariamente ao jugo de outra pessoa”, critica Suzana. Já Sara acredita que a proposta da empresa ajuda a manter a ideologia discriminatória da sociedade atual, que cria lugares específicos para grupos determinados.

Mesmo assim, contratar uma seguradora não está descartado nos planos de Sara. “Poderia fazer um seguro de vida de qualquer empresa se avaliasse os benefícios oferecidos pelo seguro como positivo para nosso futuro”, avalia. Suzana concorda, mas deixa claro que o Vida Freedom não seria a sua opção. “Eles querem vender seu produto e oferecem isenção de constrangimento como um diferencial que, para mim, não existe, ou é fantasioso”, opina.

As estudantes são unânimes em afirmar que, apesar da discriminação diária à qual os homossexuais são submetidos, é importante a auto-preservação para manter a dignidade do grupo. “Os gays não devem se envergonhar ou se vangloriar da sua identidade sexual, pois ela é apenas uma das facetas da sua identidade pessoal”, resume Suzana.

Gays do dia

Segundo a direção da América Life, o público gay é bastante exigente, o que obrigou a empresa a realizar diversos ajustes antes de lançar o Vida Freedom no mercado. "Treinamos nossos atendentes para que saibam exatamente como proceder ao tratar com este público, que palavras não devem ser ditas, o que pode ou não ser constrangedor", revela. Pensando nessas exigências a seguradora também relacionou outras vantagens para seus segurados. "Temos um cartão de vantagem que pode ser usado em táxis, teatros, cinemas, shows. Além disso, os clientes concorrem mensalmente a 10'000 EUR para realizar um desejo mais lúdico, como uma viagem".

A receptividade do produto surpreendeu os empresários, que comemoram o elevado número de solicitações. "Nem sei quantos e-mails recebemos. Chegaram pedidos do Rio de Janeiro, do Mato Grosso, Recife e até mesmo o de uma moça do Japão, que confirmou que vai adquirir um plano para a sua companheira", contabiliza Fernandes. O empresário também ressalta o surpreendente interesse feminino no serviço. "Estipulamos 70% do público como sendo masculino e 30% feminino, mas desde que fizemos o lançamento do seguro, as mulheres é que realmente estão demonstrando interesse concreto", diz Fernandes.

Os planos de seguros do novo serviço buscam abrigar um público de 18 a 65 anos de todos os poderios financeiros, mas estabelece uma preferência. "Somos mais adequados àqueles chamados `gays do dia`. “São os homossexuais de melhor nível, que freqüentam teatros, shows, cinemas, restaurantes. Resumindo: os que se relacionam mais freqüentemente com a sociedade", distingue o empresário. Mesmo assim, oferece planos de seguros com parcelas que podem ser abaixo dos 10 EUR por mês. Os preços variam com a idade dos segurados.

As opções de indenizações do seguro de vida para gays variam de cerca de 20'000 EUR a 100'000 EUR em caso de morte natural. Caso haja morte acidental, o seguro paga o dobro. Se o casal comprar um plano conjunto de seguros, tem o direito a cobertura total de um eventual funeral. "É bastante comum que os gays façam seguros um para o outro, uma espécie de `justiça mútua`, já que são casais estáveis", pondera Fernandes. Para tanto, os casais devem apresentar toda a documentação pessoal e responder a um rígido questionário sobre sua saúde. O corretor garante que não interroga os homossexuais para discriminá-los. "É um procedimento padrão em qualquer corretora de seguros do mundo. Só podem nos contratar as pessoas com a saúde inteira", garante.

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