Em tempos houve quem acreditasse que o 25 de Abril de 1974, tinha sido uma coisa boa para a sociedade Portuguesa, tinha sido aqueles bravos homens que haviam trazido ao povo Português a liberdade, uma liberdade que os deixava respirar sem medo do ar que lhes entrava pelos pulmões, digo que houve quem acreditasse porque depois em 1975, alguém fez saber que afinal o ar ainda estava poluído.
Mas se pensavam alguns, aqueles que esperam uma liberdade e um respeito pleno, que o mundo havia evoluído, e que 1975, teria sido apenas uma consequência de anos de opressão, eis que 36 anos depois, alguém faz soar a velha trompeta da mocidade nova, para reafirmar que o 25 de Abril de 1974, não foi para putas e paneleiros, então foi para quem?
É apenas uma pergunta!
Deixa ver, foi para aqueles que deixavam as esposas em casa e iam para os inúmeros pontos de prostituição usar aquelas a quem ainda não tinham dado a liberdade?
Ou então procurar os jovens na rua e em outros locais, para satisfazer um segredo muito bem escondido!? Os mesmo jovens a quem ainda não tinham dado liberdade!
Se estes não fazem parte da lista de cidadãs e cidadãos livres, quem mais está na mesma lista, será que as mulheres em geral estavam na lista, será que os negros estavam na lista, será que os retornados estavam na lista, será que tem mais alguém a colocar na lista!?
O que vos move, nesse ódio vergonhoso de menorizar a palavra liberdade, nessa rudes de humilhar os vossos semelhantes, de onde vem esse desconforte, que vos leva a apontar o dedo ao vizinho do lado, que foi era melhor quando era invisível, espera lá, já sei, antes que não se via, não se falava, não era assunto a não ser de chacota, deixa estar que até vão dando jeito para aliviar os tomates, ou tensão, mais moderno, o stress, mas agora que estão na televisão, nos jornais, são assunto no café, até temos amigos, e o nosso vizinho de baixo também é, agora que se chegou ao cumulo de o Estado Português se redimir de anos de maus tratos, querem silenciar, querem dizer que não somos homens e mulheres, que não temos sentimentos, que não servimos para a guerra e nem numa arma sabemos pegar, querem dizer-nos que podemos ter os mesmos direitos que todo e qualquer cidadão tem, porque por algum motivo somos diferentes, devemos ter sardas, sermos ruivos, albinos, uma olho de cada cor, corcundas, pernetas, desculpem já descobri, porque a nossa orientação sexual é homossexual. Querem dizer que porque amamos uma pessoa do mesmo sexo não somos, não temos os mesmos direitos, mas contudo temos os mesmos deveres!
Pagamos impostos, compramos casas, carros, vamos de férias, enchemos hotéis, alegramos restaurantes, vestimos bem, com toda esta agitação impulsionámos a economia, somos bons para isso, mas para sermos seres de primeira não!
Muitas e muitos de nós já juramos defender a pátria, muitas e muitos de nós estamos na linha de fogo, e nos postos de comando, mas não podemos levar quem amamos ao jantar de natal, porque a liberdade, aquela que muitos de nós lutamos, aqui e no ultramar, essa liberdade, aquela que me permite expressar a minha vergonha das linhas de uma carta aberta, sem medo de ser preso, com a certeza que vivo num país LIVRE, essa liberdade não foi construída também para mim, também para NÓS.
Se não fosse vergonhoso seria ultrajante, terem jurado defender o vosso/nosso/meu país, mas com uma lista de quem faz parte dessa defesa, e quem é carne para canhão.
LIBERDADE ontem, hoje e sempre para todos os seres sejam eles quem forem, porque aos olhos de DEUS somos todos iguais, e aos meus olhos não vejo diferenças! Lutaria como luto pela vossa liberdade sem vos perguntar absolutamente nada, não entendo por isso porque me questionam!?
