O Tribunal Distrital de Örebro deliberou que, como afinal ela era um ele, a acusação era inválida pois o crime intencionado não podia ser consumado.
O homem, de 61 anos, seguiu a vítima, que estava vestida como uma mulher, e atacou-a à porta da casa do seu ex-namorado.
O homem atacou-a brutalmente, atirou-a ao chão e pontapeou-a na cara antes de lhe remover as calças e a roupa interior, na tentativa de a violar.
O ex-namorado da vítima testemunhou o ataque do seu apartamento e correu escadas abaixo para a ajudar, atacando o agressor com uma calçadeira e conseguindo detê-lo até à chegada das autoridades.
O agressor foi detido na altura e acusado de tentativa de violação.
A vítima apareceu sempre vestida como mulher e foi referida como tal durante todo o processo no tribunal, mesmo pelo agressor.
O tribunal também ouviu que a vítima encontrava-se a fazer tratamento hormonal há anos para fisicamente adequar o seu corpo.
No entanto, o facto de ainda ter genitália masculina, de acordo com o tribunal, implicava que que a tentativa nunca poderia acabar em violação efectiva.
Quando questionado pelo jornal sueco Aftonbladet, o juiz Sjöstedt afirmou que embora a violação não esteja definida pelo sexo da vítima, neste caso o tribunal distrital considerou que o plano criminal do homem de 61 anos era o de violar uma mulher.
A corte distrital deliberou que o acusado nunca poderia ter consumado o tentado acto criminal pois tentava violar uma mulher.
De uma perspectiva judicial existem tentativas válidas e inválidas.
Não se pode por exemplo assassinar uma pessoa assassinada visto o crime já ter sido cometido.
Mas a linha é um pouco vaga.
A deliberação está aberta a críticas e penso que a acusação irá recorrer e é possível que a sentença seja alterada.
O homem de 61 anos foi sentenciado por agressão e apanhou quatro meses de prisão e obrigado ao pagamento de 15.000 coroas suecas como indemnização à vítima. A deliberação, ao negar a identidade de género da vítima por causa da genitália, tem levantado muitas críticas, também porque, apesar da genitália, a violação continuar a ser possível, e porque limita os casos de violação a homem viola mulher, esquecendo outros casos inegáveis de violação.
O crime tentado nunca poderia ter sido realizado, explicou o juiz Dan Sjöstedt do tribunal Distrital de Örebro ao jornal local Nerikes Allehanda.
Quando o homem de 61 anos tentou cometer a violação em Örebro, não fazia ideia que a vítima escolhida tinha nascido homem e encontrava-se em tratamento hormonal.
Em declarações à agência noticiosa TT, o advogado da vítima, Gun Brodd Hedlund, afirmou Claro que vamos recorrer. A violência sexual pode acontecer de muitas maneiras, não necessita de ser vaginal, os limites de tentativa de violação foram ultrapassados quando ele a atacou.