A competição foi iniciada pelo Kostbar – localizado no Gothersgade, no centro de Copenhagen – e deu início a uma tempestade mediática no início de Março.

As premissas eram simples. As competidoras deviam enviar uma foto junto com uma breve exposição dos porquês de serem elas a ganhar um par de próteses de silicone. As competidoras eram mostradas no Facebook do bar e a vencedora seria a que tivesse o maior número de “gostos”.

O bar é agora acusado de criar uma falsa “misteriosa” concorrente de forma a evitar oferecer a cirurgia a uma mulher transexual que estava a ganhar a competição por larga margem.

Na semana final da competição, a transexual Malene Lang Hansen encontrava-se em primeiro lugar com à volta de 1600 votos, quase dobrando o número de votos da segunda classificada.

No seu perfil, Hansen descreve como desde sempre se sentiu mulher mas que se sentia triste por não ter posses para o peito.

“Eu sou transexual e nasci num corpo masculino,“ escreveu. “Sempre me senti mulher interiormente”.

Poucos dias antes da competição acabar, a 1 de Junho, uma nova competidora apareceu que rapidamente alcançou quase 4000 votos, relegando Hansen para o segundo lugar. Mas sem evitar que questões se tenham levantado sobre a autenticidade da identidade da competidora.

Suspeitas de que a personagem era fabricada avolumaram-se quando o suplemento cultural do jornal Politiken, iByen, descobriu que a foto da misteriosa mulher era uma imagem vulgarizada que podia ser descoberta em vários sítios online. No entanto, uma tentativa do The Copenhagen Post de descobrir a foto online só retornou o artigo do Politiken.

A surpreendente popularidade da mulher pode ser explicada por existirem sites que vendem pacotes de 2000 “gostos” por preços baratos. Também os gostos da mulher subiram de 0 a quase 4000 em pouco mais de 24 horas, e nas 24 horas seguintes somente um punhado foram adicionados. Finalmente, nem a mulher nem ninguém que a conheça apareceram a dar a cara até agora.

A suspeita de que o Kostbar fabricou a competidora para evitar dar o prémio a uma mulher transexual é também suportada pelo tratamento discriminatório que Hansen tinha recebido anteriormente no concurso.

Hansen já tinha sido desqualificada anteriormente quando o Kostbar moveu a competição do Facebook para o seu sítio. Foi recolocada novamente quando a história saiu nos media. Apesar de ter misteriosamente perdido muitos dos seus “gostos”, rapidamente regressou ao primeiro lugar, onde permaneceu até à aparição da mulher mistério.

O Politiken reporta que outras mulheres transexuais na competição também descobriram que os seus perfis não tinham sido movidos junto com a competição para o sítio do bar.

Hansen ficou desapontada com o resultado e com a certeza de que não tinha sido tratada com lealdade.

“Parece-me muito suspeito que dois dias antes da competição acabar uma nova mulher apareça e rapidamente ganhe 3700 votos,” afirmou Hansen ao Politiken. “Eu, e muitos outros, pensamos que o Kostbar fez batota. Eu sou a vencedora moral das próteses de silicone o que obviamente não encaixou na sua campanha promocional."

Hansen acrescentou que o incidente revelou a discriminação encarada pelas pessoas trans.

“É realmente preciso muito trabalho para ganhar respeito e reconhecimento quando se é transexual. Este caso demonstra a discriminação encarada pelas pessoas transexuais..”

O proprietário do Kostbar, Thomas Søgaard, negou, entretanto, que o concurso estivesse viciado para evitar que Hansen ganhasse as próteses.

“Não tivémos qualquer influência no resultado da competição,” escreveu no Facebook. “Temos pena que uma participante esteja triste por não ter ganho mas as regras aplicam-se a toda a gente. Não podemos dar um prémio pelo Segundo lugar pois seria injusto para as outras concorrentes. Damos os parabens à vencedora e agradecemos a todos o interesse demonstrado pelo concurso.”