Em comunicado via Facebook, Mar agradece a todos que a apoiaram no último congresso da FELGTB, explicando que foi a convicção de poder trabalhar pela igualdade de direitos das pessoas transexuais, mas que sente que foi uma ilusão.
Refere que em multiplas situações tem sentido ser a transexualidade preterida a favor da orientação sexual em campanhas, edição de materiais, dias de luta, entre outros, referindo por exemplo a edição de um guia para o uso correcto de terminologia relacionada com a transexualidade, como uma ferramenta para a luta contra a transfobia, que nunca foi apresentado aos media, embora a FELGTB mantenha uma boa relação com a comunicação social.
Refere que como coordenadora, propôs um estudo psicossocial das pessoas transexuais em Espanha, conduzido por uma universidade, para avaliar critériosa e científicamente a "vulnerabilidade" e falta de direitos básicos de mulheres e homens transexuais. Este estudo foi realizado com um custo económico "simbólico", em comparação com a grande importância dos resultados. Apesar de ser importante a divulgação dos resultados, refere que os mesmos não são apresentados em Madrid, não tendo portanto o mesmo caminho que outros estudos.
Faz notar também que, à semelhança com Portugal, uma denúncia de um assassínio por transfobia não tem a mesma relevância que um outro assunto qualquer relacionado com homofobia.
Como exemplos destaca que para retirar de circulação um livro que pugnava pela cura da homossexualidade recolheram-se em 5 dias 30.000 assinaturas, enquanto que para exigir que se renomeasse a UTIG (Unidad de Trastorno e Identidad de Genero), solicitando que se retirasse o T de Transtorno em dois meses recolheram-se 500 assinaturas.
Refere também o caso da activista transexual mexicana Agnes Torres, psicóloga, torturada, degolada e queimada, que a sua denuncia recolheu 550 assinaturas.
Lamentavelmente isto tem uma leitura: SOMOS UMA MINORIA, socialmente e dentro dos colectivos LGBT., considera.
Mar considera que as suas ilusões de um trabalho conjunto e no qual acreditava foram desfeitas por episódios como os descritos, resultando daí uma desmotivação que levou à sua demissão.
Esta despedida como Coordenadora, não é uma despedida do activismo, continuo a acreditar que é possível mudar leis, costumes, direccionar sinergias para a construção de uma IGUALDADE REAL para TOD@S afirma, desejando que as pessoas transexuais deixem de ser um colectivo vulnerável e uma minoria dentro dos colectivos LGBT,e afirmando a sua disponibilidade para a luta para que a transexualidade seja entendida como mais uma variante da rica diversidade humana.
Como nota registe-se que, sobre o caso de Agnes Torres e comparando-o com o de Daniel Zamudia, jovem homossexual espancado por um grupo de neonazis no Chile, o feedback nos media teve um resultado concordante com Mar Cambrolle, existindo cinco vezes mais notícias sobre este caso que sobre o de Agnes Torres. No Facebook, por exemplo, houve uma iniciativa (já tardia) de um comunicado a emitir-se por activistas sobre o caso de Daniel Zamudio, enquanto o de Agnes Torres foi completamente ignorado.