Apesar do seu estado "febril" - esteve até à última para saber se o médico o deixava ir a Famalicão -, o líder social-democrata empolgou-se com o ambiente feminino - que reconheceu ter-lhe dado "ânimo e conforto" - para defender os valores do matrimónio tradicional, desafiando José Sócrates - para além de outras mensagens mais ou menos cifradas - a dizer se vai legalizar os casamentos entre homossexuais - enquanto Luís Filipe Menezes fazia o mesmo relativamente à adopção de crianças por estes casais. "Portugal não pode escolher um primeiro-ministro que só mostra o que é depois de estar no cargo", justificou Santana, como argumento para obrigar Sócrates a definir-se em questões civilizacionais, com as quais jurou "não fazer chicana política", porque se trata de "matérias muito sérias", como sucede com o aborto, a adopção e o casamento entre homossexuais. Neste particular, aliás, recordou que a vitória do PSOE em Espanha "levou à alteração das regras" existentes, sugerindo que o mesmo poderá acontecer em Portugal. O presidente do PSD não quer que isso suceda no nosso país, lembrando que a legislação já contempla a união de factos desses casais. Admite, apenas, "aprofundar" a lei em "matéria de direitos hereditários". Na mesma linha, Menezes, cabeça de lista do PSD por Braga, já antes tinha questionado se os portugueses querem "correr o risco" de ter um governo cuja "primeira medida" seja a de "legitimar a adopção de crianças por casais homossexuais",[...] "A mim podem virar-me ao contrário e esvaziar-me os bolsos. Não tenho casa própria nem carro e não sou um bom partido", ironizou Santana, para gáudio das mulheres que o idolatraram e dificilmente o largaram no final. Foi assim, de peito aberto, que Santana avançou para uma fase do discurso algo codificada e enigmática, com aparentes ameaças nas entrelinhas. Alguns exemplos: "As características pessoais [dos líderes partidários], no que não respeita a questões políticas, não nos interessam"; "é bom que o povo saiba o que fez cada um na vida política"; "não entrem por esse caminho, porque se nós quisermos entrar por aí, isto entra num nível que não é do meu agrado"; "nunca ofendi nenhum adversário político, nunca respondi, nem respondo, à calúnia com a calúnia, mas se querem entrar pelo conhecimento público desses lados da vida de cada um, só quero dizer que estou inteiramente à vontade"; "é bom que digamos o que cada um é, o que cada um fez e o que cada um se propõe fazer".
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