A destacar uma curta da série In My Shorts 2 e uma longa-metragem, precisamente aquela que encerrou esta edição: Eisenstein in Guanajuato.
Duas fitas bem distintas em termos de formato: uma é um documentário curto de 25 minutos na Paris de hoje em dia, a outra uma longa metragem docu-ficionada o México do início do século passado. Mas ambas falam-nos da experiência da liberdade e de nos encontrarmos a nós próprios.
Em Tant Pis Capítulo Um temos três amigas que ganham uma bolsa em Paris e a oportunidade de libertar amarras com o seu dia a dia. Uma mulher, um travesti e um homossexual invisual, desgostam a vida em toda a sua plenitude como antes nunca o tinham feito. A vida que tinham vivido no seu país natal, Brasil, ficou lá: “eu cresci numa favela é verdade, mas hoje estou em Paris, isso que interessa”. Porque o de fato é importante na vida destas três personagens, como aliás na vida de todos nós, é poderem ser quem são para assim alcançar essa meta almejada por todo o ser humano: a felicidade.
Por sua vez Eisenstein in Guanajuato fala-nos de um importante realizador russo entre os anos 1920 e 1940 que decide ir ao México rodar um filme intitulado “Viva México”. Nota importante sobre Serguei Mikhailovitch Eisenstein: tratou-se de um dos mais importantes cineastas soviéticos, fortemente relacionado ao movimento de arte de vanguarda russa, participou ativamente da Revolução de 1917 e da consolidação do cinema como meio de expressão artística. Neste filme conhecemos um ser privado dos prazeres da vida pelo regime da terra onde nasceu e que descobre através do seu guia Palomino Cañedo que há um mundo novo para descobrir. Uma relação forte, intensa, mas acima de tudo inteligente entre as duas personagens. Palomino possui Eisenstain e este fica possuído de amores por Palomino. A Rússia de Estaline não se compadece com este romantismo e reclama o que é seu: Eisenstein tem de voltar deixando Palomino o seu grande amor para trás e fá-lo em grande sofrimento extremamente dramatizado em todas as cenas, enquanto Palomino é reclamado pela sua esposa e os filhos e quem sabe uma cultura social machista que o impede de virar seja em que direção for a não ser seguir em frente. Isto tudo através de uma lente arrojada com efeitos surpreendentes.
Entretanto falaremos sobre os vencedores desta edição numa notícia separada.
Foto-reportagem no QueerLisboa
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