Em falta fica o comentário ao filme I Shot My Love, uma que por motivos profissionais tive de me ausentar da sala, mas aproveito aqui para deixar a promessa de que Domingo daremos conta desta produção.
Caníbales, é uma produção espanhola de Juanma Carrillo, que mostra um local de cruising a dez minutos do centro da cidade onde um número vasto de homens, que procuram mais que um momento de sexo, um momento de não estarem sós ou se preferirem um momento em que se sentem entre iguais sem tabus, sem medos. Durante todo o filme somos guiados pelo olhar da câmara que poderíamos pensar ser mais um desses muitos homens, até podia ser, mas eis que a imagem final corta-nos a meio e deixa-nos colados reféns de duas certezas a que já sabemos, e a de que alguns de nós tem essa vida dupla.
A câmara abre e mostra-nos quem está por trás dela, uma mulher que deambulou num bosque onde pessoas homossexuais procuram saciar a sua sede sexual, uma mulher que de certo não queria encontrar o que procurava, uma mulher que assiste estarrecida ao seu marido a ter relações com um homem. Um filme que todo ele é apresentado a preto e branco, mostra-nos exactamente que a vida, esse espaço real em que estamos, é por vezes bem cinzento.
Boys Just Wanna Have Fun, um título adaptado de uma música cantada por Cyndi Lauper é um documentário sobre a equipa de Rugby existente na capital de Portugal.
Antes mesmo de se abrirem as portas para o visionamento do filme, vão chegando os protagonista dessa história, de blazer azul, camisa branca, calção de treino branco e sapatilha, todos aprumados para a grande estreia. No átrio da entrada do São Jorge, parecia que estávamos no dia da abertura, tal era a animação e o número de pessoas que aguardava. A sala dois foi pequena para tanta gente mesmo tendo em conta o acrescento de bancos e cadeiras, tão pequena que o director do Queer Lisboa anunciou uma nova transmissão para o dia seguinte.
Este trabalho é mais que uma mostra de que as pessoas homossexuais também são estes jogadores de rugby, também são pessoas com relações afectivas, com empregos, com famílias. Este trabalho foi construído e desenhado com tal cuidado, que deveria ser transmitido em horário nobre do canal nacional. Num comentário, alguém dava a entender que o trabalho estava tão bem estruturado e conseguido que é uma ferramenta pedagógica de grande importância.
Sem dúvida acrescentamos: Os protagonistas, cameraman, edição e realização estão de parabéns por um trabalho tão sóbrio, e valioso para a educação de uma sociedade (incluindo os próprios LGBT) recheada de preconceitos.
O festival está perto do fim, mas ainda tem muitos filmes para ver, confere os horários dos filmes e as suas sinopses e selecciona aqueles que vais ver, procura em www.queerlisboa.org e partilha connosco a tuas opiniões, do nosso lado amanha comentaremos uma curta-metragem intitulada Massala Mama, a longa-metragem BoY, e Children of God