2019 - CINEMA: Diário Queer Lisboa (parte 2)

O filme da noite a que assisti também é um dos participantes da competição da melhor longa metragem. Trata-se da primeira apresentação do filme dirigido por Armando Praça “Greta”, o qual tem estreia prevista (?) para Outubro, no Brasil.

Foi quase uma odisseia o realizador conseguir vir e trazer o seu filme, tantos impedimentos se lhe depararam da parte das autoridades brasileiras. É um filme completamente homossexual, com cenas ousadas, e que mostra sem falsos pudores uma obra baseada numa peça do dramaturgo brasileiro Fernando Mello sobre a diva do cinema Greta Garbo.

“Greta” é um filme fortíssimo, sem quaisquer concessões, que mostra a odisseia de um enfermeiro de um hospital ao tentar a ajudar uma amiga transgénera em fase de doença renal terminal. Para a poder ajudar a ter uma cama no hospital, facilita a fuga de um criminoso o qual acolhe em sua casa.

Depois é todo um processo em que as principais personagens se vão envolvendo e que acabam por dar início a uma relação de amor completamente improvável entre Pedro, o enfermeiro que na intimidade gosta que o tratem por Greta Garbo, e o criminoso heterossexual.

A escolha do elenco é fundamental, pois para protagonizar Pedro, a escolha recaiu num grande actor do Brasil, Marco Nanini, assumidamente homossexual e hoje com cerca de 70 anos.

Muito bom também Demick Lopes no papel de criminoso e as duas principais personagens femininas são interpretadas por actrizes transgéneras - Denise Weinberg e Gretta Star.

Nanini é absolutamente fantástico e se ainda ontem eu quase acreditava que o prémio de interpretação já “estava atribuído”, hoje já não digo nada.

A cena final do filme é belíssima, com fotos de Greta Garbo primeiro e de Pedro (Greta Garbo), depois, assumindo-se na plenitude dessa sua feminilidade quando Jean, o criminoso vem preencher finalmente a sua solidão.

Grande filme e um festival até aqui a surpreender e muito pela positiva.