Não foi um caminho fácil aquele que o governo de Hollande teve de percorrer para honrar o seu compromisso assumido em 2010 durante a campanha eleitoral.
A lei foi apresentada, depois teve de enfrentar mais de uma centena de ajustes apresentados pela oposição, num debate que nem sempre foi pacífico dentro e fora da assembleia.
Lá dentro passou-se rápido do murro na mesa para o murro literal na face, nunca visto antes nos muitos anos de democracia francesa.
Nas ruas as manifestações pró e contra sucederam-se e com a proximidade da votação de hoje os ataques homofóbicos quase que triplicaram, e ainda ontem o portugalgay.pt deu conhecimento de duas vítimas. Este debate levou mesmo a que o chefe da Assembleia Nacional fosse ameaçado por meio de um subscrito com pólvora e com uma mensagem que exigia a suspensão da votação de hoje.
Mas hoje o chefe da Assembleia Nacional, Claude Bartolone, alheio às ameaças disse: "depois de 136 horas e 46 minutos de debate, o parlamento aprovou o acesso ao casamento por casais do mesmo sexo".
O debate pode ainda enfrentar novos episódios, uma vez que a oposição já disse ter apresentado um desafio legal à medida.
Em contraponto a ministra da Justiça, Christiane Taubira, aponta o dia de hoje como um dia histórico para a França: "a lei concede novos direitos, está firmemente contra a discriminação e testemunha o respeito do nosso país para a instituição do casamento", disse Taubira em comunicado, onde adianta, "Esta lei abre os horizontes de muitos dos nossos cidadãos que tinham sido privados desses direitos. É desta forma que o país da baguette e do croissant se junta ao outros países civilizados que garantem tratamento igual, pelo menos nesta secção, aos seus cidadãos.
A frase que poderá simbolizar esta batalha legal, é aquela que o presidente da Câmara de Paris, Bertrand Delanoë, também ele homossexual, retirou de uma das manifestações e que hoje postou no seu twiter, e com a qual terminamos esta notícia: As nossas famílias são mais bonitas que o vosso ódio.