As palestras sobre o tema da homossexualidade serão concedidas por especialistas, entre eles o religioso e psicanalista francês Tony Anatrella, assessor do Vaticano na redação da "instrução" para excluir os homossexuais do sacerdócio. As conferências têm como primeiro objetivo a análise dos "riscos de se negar a diferença sexual", segundo folheto informativo.
A iniciativa incomum confirma a preocupação da Igreja Católica com a crescente tendência no mundo ocidental para conferir direitos legais aos casais homossexuais, inclusive por parte de partidos políticos considerados católicos.
A hierarquia da Igreja rejeita toda possibilidade de "equiparar" o casal heterossexual com o casal homossexual e considera a homossexualidade um "pecado grave", imoral e contrário à lei natural. O Papa Bento XVI qualificou de "grave erro" a introdução de leis que regulamentem a união entre homossexuais, inclusive os chamados Pactos Civis de Solidariedade (PACS).
"O Vaticano é uma organização rigorosamente masculina, influente, cheia de dinheiro, que se fundamenta na repressão da própria sexualidade e na renúncia da família", denunciou Sergio Lo Giudice, presidente da associação italiana de defesa dos homossexuais, Arcigay, após o início das conferências.
A possibilidade de que um dos países mais católicos da Europa, como a Itália, introduza leis que reconheçam os casais "gays" forçou o Vaticano a lançar a ofensiva. O líder da oposição de esquerda, o católico Romano Prodi, comprometeu-se no seu programa de governo a reconhecer os direitos dos casais não casados, inclusive os dos homossexuais, se ganhar as eleições legislativas dos próximos 9 e 10 de abril.