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Quarta-feira, 21 Janeiro 2004 00:59

SIDA
Dilemas de Vítimas de Sida Discutidos no Fórum Social Mundial



PortugalGay.pt

É comum que em alguns países pobres mais afectados pelo HIV uma família inteira esteja infectada com o vírus da sida.


A transmissão faz-se entre marido e mulher, o vírus transmite-se da mãe para os filhos. E muitas vezes, não há dinheiro suficiente para comprar medicamentos que prolonguem, quase salvem a vida, para todos. É preciso então decidir a quem terá a hipótese de viver mais. Este foi um dos exemplos dados por activistas do Fórum Social Mundial, que este ano decorre em Bombaim, na Índia, dos problemas dos seropositivos. Ontem, cerca de 100 mil activistas, trabalhadores humanitários, intelectuais e líderes sindicais dividiram-se pelos vários seminários e "workshops" dedicados ao HIV. Apesar de ter descido o preço dos medicamentos anti-retrovirais, estes medicamentos continuam a ser caros demais para as populações dos países mais pobres, justamente aqueles em que a doença tem progredido mais rapidamente. "As vítimas de sida estão a fazer escolhas terríveis sobre que membro da família querem manter vivo", disse à Associated Press Alice Wynne Willson, da ONG londrina ActionAid. "As pessoas com um rendimento fixo podem comprar estes medicamentos. Mas a não ser que os medicamentos sejam comprados pelos governos e distribuídos pelo sistema de saúde, será impossível aos pobres comprar estes medicamentos." "Se tivermos de pagar o preço que as companhias farmacêuticas internacionais querem, será impossível sobreviver", disse o activista brasileiro Almir Pereira. O Brasil e a Índia são dois países que produzem genéricos dos medicamentos para o HIV a preços que custam cerca de 500 a mil dólares por ano por doente, quando o fármaco de marca pode chegar a 10 mil dólares. Dos 40 milhões de seropositivos que existem no mundo, 28 milhões estarão em África, o continente onde decorrerá o Fórum Social Mundial de 2006. O fórum decorre originalmente em Porto Alegre, no Brasil, estreou-se este ano pela primeira vez noutro continente - a próxima será novamente em Porto Alegre e depois algures no continente africano. Em entrevista à AFP, um dos representantes do Fórum Social africano de Bamako, Demba Diop, espera que o FSM de 2006 possa ser um bom local para discutir não só a questão da sida como a da dívida externa do continente. Demba Diop frisou que a "dívida criminosa" era o principal problema africano: "Gastamos tudo o que ganhamos no reembolso da dívida. São todas as nossas receitas que se vão, não fica nada para o desenvolvimento, nada para investir." No fundo, diz, trata-se de uma forma de "dominação ainda mais perniciosa do que a colonização de ontem". Diop, que é líder de um movimento sindical do Mali, gostava também de ver discutida no fórum a questão dos direitos sindicais dos trabalhadores no continente, denunciando as violações frequentes destes direitos.

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