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Segunda-feira, 20 Setembro 2010 16:58

PORTUGAL
QueerLisboa14 - resumo do dia 3



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Ontem o destaque foi para a nova versão François Sagat por Bruce LaBruce... ou talvez não!

PORTUGAL: QueerLisboa14 - resumo do dia 3

Mas mesmo antes de chegar a Sagat, vamos fazer a ordem de visionamento, e que foi, o programa de Curtas dois; Queer Pop; Tu Eliges; e por fim L.A. Zombie. Mais diverso não poderia ser!

Nas curtas o prémio é decidido pelo público... cada espectador recebe um “talão” onde tem os filmes em exibição e depois vota nos mesmos numa valorização de zero a dez. Este bloco de ontem foi um pouco deprimente, no sentido literal do termo, dado que havia muitas mortes pelo caminho, mas dois deles foram particularmente aplaudidos. Falo de “Steam”e “Toiletzone”, duas mensagens passadas de

forma algo sublime, e no caso do “Steam” nem todos captaram a mensagem durante o filme... “Steam” começa por representar um dos locais de “engate” mais conhecidos: uma sauna gay, ou mais concretamente o espaço do Banho Turco. Dois indivíduos com características físicas diferentes estão sozinhos, um é ruivo e branquinho, outro tem pelos e é moreno, a determinada altura e depois de uma troca de gestos e olhares o nosso jovem ruivo oferece ao moreno sexo oral. Depois desta cena o moreno começa com sentimentos de culpa e pecado, ouve-se de fundo o ruído característico de um café, e neste vai que não vai o ruivo diz que tem ideia de o conhecer. No delírio do moreno ele vai executando alguns gestos, e um deles é parecido com o acender de um isqueiro, e nesse instante ouve-se um estrondo. O que esta curta-metragem quis dizer foi algo tão espectacular como dizer que os assassinos e as vítimas encontram-se no fim todos no mesmo sítio apenas com sentimentos diferentes. Isto porque estar no turco para o jovem ruivo, empregado do café que o moreno fez explodir era o céu, mas para o moreno fundamentalista aquele espaço era claustrofóbico e o sentido como o inferno.

Já “Toiletzone” é uma comédia algo dramática, de um pai que consegue trabalho como empregado de limpeza de uma casa de banho de shopping, e que a determinada altura percebe que por vezes os homens iam aos pares para as sanitas. Comenta espantado e com o sentimento de que tal acto está errado com o seu colega e a sua chefe, todos os três negros, e estes seus colegas riem-se e dizem que são os “répteis” e porque como os répteis tem sangue frio precisam de estar juntos para se aquecerem. A homofobia de alguns leva a que a administração queira despedir um dos funcionários, e coloca câmara de vigilância nas casas de banho, o que leva a que os “répteis” deixem de frequentar o dito Shopping, e por consequência o valor comercial transaccionado baixa em cerca de 50%, e uma vez que nos tempo futuros não melhora, decidem fechar o WC e assim enviar os dois funcionários restantes para o desemprego, comunicou-lhes a senhora branca da administração. Eles então decidem apresentar uma contraproposta ao Shopping. Ficam com a exploração do WC e a chefe que andava a fazer um curso de arranjos florais orientais abre no corredor uma florista, retiram a câmara de filmar, e a pouco e pouco o “répteis” regressam ao shopping. A beleza deste filme está nesta conclusão, de uma pessoa para quem aquilo era uma ofensa mas que na corrida pela sobrevivência aprendeu a conviver com uma realidade que embora não seja sua directamente, vive com ele. Assim a imagem final é este nosso negro ex-empregado de casa de banho, actual patrão de um WC e florista de shopping, a abrir uma encomenda, uma caixa dispensadora de preservativos.

“Tu Eliges”, um dos filmes que antes vos tinha falado aqui, aconselhando o seu visionamento. Antónia San Juan está mais bonita que nunca e só por isso já valeria a pena ver este filme. São apresentadas três histórias em simultâneo, a mostra de uma solidão interior tantas vezes vivida nas costas de uma sorriso ou de uma actividade social, onde nos impregnamos até aos ossos para que ninguém sinta esse lado que por vezes nos assusta, ou desperta o desejo de algo que nos dizem sempre ser proibido. Uma realização de esplêndida onde San Juan é também protagonista.

Terminamos com “L.A. Zombie” de Bruce LaBruce, tendo no principal papel François Sagat. Quem conhece o trabalho de LaBruce não poderia esperar nada mais que uma mensagem algo agressiva aos olhos dos mais comuns, é verdade que não se trata de um filme para todos mas é sem dúvida um trabalho fantástico, e aqui no sentido de "criado por fantasia", de LaBruce.

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