O relatório também apontou o dedo a líderes religiosos e políticos para instigar a violência contra gays, alimentando a homofobia.
A Comissão de Direitos Humanos do Quénia lançou na terça-feira em Nairobi, o relatório denominado "Os fora-da-lei entre nós - um estudo sobre a Comunidade de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersexo (LGBTI) no Quénia".
Tom Kagwe, diretor sénior da comissão do programa disse que maioria dos agentes estatais, especialmente a polícia, perseguem os gays em prisão preventiva, mantendo-os para além dos prazos constitucionais.
O relatório indica que a polícia, especialmente na Coast Province, "cozinha crimes" tais como embriaguez e desordem pública ou a prostituição no grupo.
"Alguns policias chegam mesmo a exigir favores sexuais em troca da libertação da prisão preventiva", disse Kagwe.
No entanto, o porta-voz da polícia, Charles Owino, desafiou aqueles cujos direitos foram violados pela polícia a avançar de forma que culpados sejam levados à lei.
Owino negou as alegações de que os suspeitos são mantidos por mais de 24 horas "sem uma boa causa".
"Somos conhecidos por levar os suspeitos a tribunal e gostaria que um caso concreto se apresentasse. Nós não tratamos de boatos", disse.
Mais de 400 pessoas de todas as províncias foram entrevistadas para o estudo, que decorreu entre Maio e Outubro do ano passado e constatou que seis em cada 10 casos de violência sexual contra gays foram cometidas por policias nas províncias de Nairobi e Coast.
O relatório tem trechos de entrevistados que afirmaram que as suas tentativas de relatar o assédio à polícia foram em vão "devido à relutância da polícia para investigar e julgar os seus próprios".
Mais de 300 entrevistados disseram sentir-se "indesejáveis e ameaçados" por grupos religiosos. O relatório pede a descriminalização da homossexualidade.
O documento foi lançado para comemorar o Dia Internacional contra a Homofobia, 17 de maio.