Por volta das 14:30 e num esquema inédito as vias de acesso ao Marquês estavam já com pequenas concentrações. Aqui e ali pessoas de diferentes sindicatos agrupavam-se, numa avendia os trabalhadores da função pública, na outra os do sector privado. Já pelas 15:00 os grupos separados transformavam-se num maior conjunto com cada vez mais pessoas a chegar, os comentários vagueavam entre a viagem até Lisboa, e os pontos de encontro para a viagem de volta, mas também o descontentamento com as políticas de governo, afinal a razão que os tinha levado ali.
Assim que foi dada ordem de marcha, numa coreografia que encravou o trânsito, marchava-se qual enxame de pessoas do Saldanha e das Amoreiras em direcção ao Marquês.
O movimento era marcado essencialmente pelos vários sindicatos, mas também por grupos de pessoas não directamente realacionadas com estas estruturas organizacionais. Juntos estavam novos e menos novos, empregados e desempregados, contratos e recibos verdes.
Na Fontes Pereira de Melo aguardavam o seu momento de entrar no cortejo os precários, os trabalhadores LGBT, e também a organização do Protesto Geração à Rasca. Hoje eram uns milhares a menos, porque esta era a manifestação da CGTP, hoje era dia dos sindicalizados. Como dizia um dos controladores: "organizações não sindicais vão no fim!", referindo-se àquele grupo que aguardava ali ao lado.
Perguntamos qual a visão dos "precários" perante esta declaração, e a resposta não se fez esperar. Comentou-se que os sindicatos são feitos de pessoas, os sindicatos representam pessoas e deviam ter sido convidados a integrar e não a ficar separados. Deixar para o fim, na opinião das pessoas que questionamos não é integrar, é tolerar, e isso não fica bem a uma inter-sindical que se diz defensora de todos os trabalhadores.
Sérgio Vitorino das Panteras Rosa reforçou a ideia que é importante estarem na marcha os trabalhadores LGBT tal como estiveram na manifestação de 12 de Março justificando que "somos, como qualquer outro grupo diferenciado na sociedade o primeiro alvo da precariedade, quem diz os gays e as lésbicas diz os transexuais, diz as mulheres, diz as pessoas das minorias étnicas", resumindo que todos estes grupos vivem a precaridade agravada por uma discriminação específicia e "é claro que tínhamos de estar aqui".
Ana Afonso estava a transportar a faixa da Marcha LGBT no Porto e referiu que era importante estar nesta luta porque "somos todos e todas, trabalhadores e trabalhadoras e temos estar em todas as lutas assim como queremos que todos trabalhadores e trabalhadoras estejam juntos connosco na luta pelos nossos direitos, pelo direito a uma cidadania plena, pelo direito ao emprego pleno".
Ricardo Salabert também lá estava na faixa da Marcha LGBT no Porto e reforçou a ideia que "todos somos afectados pelas medidas de austeridade" e recordou também a situação que se vive actualmente no sistema nacional de saúde relativamente às pessoas transexuais que "perdeu a única pessoa que fazia cirurgias de redesignação sexual". Concluindo que "temos que sair à rua e lutar pelos nossos direitos, enquanto trabalhadores, e cidadãos LGBT em Portugal".
A 6ª Marcha LGBT no Porto acontece no dia 9 de Julho, mais informações em www.orgulhoporto.org .
Veja a foto-reportagem da manifestação em www.portugalgay.pt/extra/cgtp_2011/ .