Coordenado pelo Boston Consulting Group, o relatório constatou que não houve impacto negativo no crescimento da receita das empresas que apoiaram abertamente a inclusão da comunidade LGBT+. O estudo da Open for Business, uma coligação de empresas globais para sociedades inclusivas e diversas, também concluiu que essas organizações tinham uma proporção maior de receitas internacionais, indicando uma capacidade de explorar as redes de comércio global. O estudo analisou 96 empresas de mercados emergentes e descobriu que 37 delas apoiaram abertamente políticas contra a discriminação de pessoas LGBT+, um número significativamente superior às 19 empresas do mesmo estudo em 2015.
Mercados emergentes num mundo global
À medida que os mercados emergentes competem por investimentos, negócios e talentos estrangeiros em regiões financeiras globais, como Hong Kong e Singapura, a questão da diversidade no local de trabalho começa a ser cada vez mais relevante. As empresas que apoiam abertamente a inclusão cultivam marcas mais fortes, apresentam melhores indicadores de relação com o cliente e são vistas como tendo uma orientação corporativa mais forte, disse o documento. Também importante a maior capacidade de reter os melhores talentos por parte das empresas com políticas de não discriminação LGBT+.
Um dos mercados onde o potencial destas políticas é mais relevante é a Índia, onde no ano passado, o tribunal superior da Índia derrubou a notória lei anti-gay colonial do país. O país do sul da Ásia estaria a ser prejudicado em 1,4% de sua produção nacional por causa da lei discriminatória, segundo cálculos do professor de economia da Universidade de Massachusetts Amherst, Lee Badgett, que estudou a questão para o Banco Mundial. Isso significa que discriminar a comunidade LGBT+ pode custar à Índia quase 25 mil milhões de euros por ano.
A vida real
A inclusão de pessoas LGBT+ tem várias facetas exploradas pelo estudo com exemplos práticos.
Por um lado os próprios processos e políticas internas da companhia, tal como fizeram as empresas Godrej (Índia) e Natura (Brasil) ao incluírem casais do mesmo sexo nas suas políticas de apoio familiar, e com apoios específicos para pessoas que estão em processo de transição de género.
Por outro lado as empresas tomam medidas específicas para garantir que as pessoas LGBT+ não são excluídas nos processos de recrutamento. A Índia teve em 2019 a sua primeira feira de emprego dirigida à comunidade LGBT+, e a empresa indiana Wipro tem linguagem neutra em termos de género nos seus formulários de recrutamento.
As empresas também podem promover a visibilidade e sentimento de pertença das pessoas LGBT+ através de grupos na própria organização, como o fez a gigante indiana Tata com o seu grupo LGBT+ "Wings" oficializado em 2018.
A não-discriminação pode ser integrada na cultura empresarial a todos os níveis da mesma, desde a gestão até aos operários. Keshav Suri, diretor executivo do The Lalit Suri Hospitality Group, é um conhecido ativista LGBT + na Índia e apresentou uma petição no Supremo Tribunal, contestando a Seção 377 e regularmente se pronuncia sobre questões LGBT+.
E, finalmente, realizar ações LGBT+ fora da própria empresa, como fez a brasileira Natura com ações de formação específicas para pessoas trans sem-abrigo com o objectivo de se tornarem profissionais na área de maquilhagem.
Os detalhes do estudo estão disponíveis online.