Nasceu como mulher a 20 de Julho de 1966, em Berlim. Os pais baptizaram-na como Heidi. Quatro décadas depois, chama-se Andreas, nome de homem. Uma metamorfose provocada pela política de doping da extinta RDA.
Heidi era uma atleta de elite e chegou a ser campeã europeia de lançamento do peso. Uns comprimidos azuis ajudaram na tarefa e tornaram-lhe a vida num pesadelo: deixou de sentir-se mulher, a sociedade marginalizou-a e, desde 1998, passou-a chamar-se Andreas, o nome que adoptou após a mudança de sexo.
Hoje em dia, possui uma loja de malas, refúgio onde tenta ultrapassar o passado... mas não esquecê-lo. Mataram a Heidi. Mas eu não posso fazer o mesmo. Não renuncio ao passado.
Partilha a sua vida com a mulher Hute, ex-nadadora da Alemanha do Leste, também ela a viver o drama psicológico de quem, ao longo da carreira, foi submetida a experiências com substâncias dopantes.
Aos 16 anos, Heidi era apenas mais uma atleta. O doping tirou-a do anonimato. Se antes lançava o peso a 14 metros, alguns comprimidos depois já chegava aos 20. Começou a sentir-se pouco feminina, os músculos aumentaram e, às tantas, como confessou, sentia-se o boneco da Michelin. Já com uma aparência masculina, digeria muitas vezes na rua a palavra homossexual. Uma vez, num avião, a caminho de um meeting, uma hospedeira proibiu-a de entrar na casa de banho das senhoras.
Tomou a decisão de se tornar homem e, actualmente, até usa bigode. Agora, levou os médicos responsáveis pela administração do doping a tribunal e ganhou