A verdade é ontem durante a tarde o grupo de trabalho encarregue de tentar o agrupamento dos dois projectos tentou acabar a redacção, tendo ficado a Comissão de Assuntos Constitucionais na expectativa de ainda votar o texto único. Osvaldo Castro, presidente da comissão, assumiu o que estava em questão, ao questionar os motivos do adiamento: "É um problema de tempo ou de entendimento?"
Ontem, durante toda a tarde, comentava-se nos bastidores do Parlamento que o PS poderia ceder em relação a uma posição a atribuir ao cardeal patriarca em cerimónias do Estado, até porque, aos jornalistas parlamentares, o ex-presidente da AR Mota Amaral foi evasivo em relação a esta questão: "Isso já está resolvido".
O que é veemente desmentido por um membro da direcção do grupo parlamentar socialista. "Isso está claro para nós, para o PS a Igreja não consta do protocolo de Estado, o que não implica que não possa ser convidada. Esta foi uma das nossas intenções ao fazer uma lei que não existia ainda, dissemo-lo logo". Ou seja, a Igreja Católica pode estar presente se for convidada, embora não conste da lista de precedências. O que poderá garantir o lugar "à parte" no protocolo que tem tido até aqui - actualmente o protocolo não tem uma lei que o regule formalmente.
Outra das situações a ser corrigida na proposta de Protocolo de Estado será o lugar atribuído aos militares, que o próprio ministro da Defesa, Nuno Severiano Teixeira, admitiu não ser a melhor no projecto inicial, no seguimento das críticas do seu antecessor, Luís Amado: "Regozijo-me por essa posição ter servido para a recolocação das chefias militares na nova proposta". Amado agora está nos Negócios Estrangeiros, e tem a responsabilidade sobre o Protocolo.
Os presidentes do Supremo Tribunal de Justiça e do Tribunal Constitucional, assim como os conselheiros de ambos os tribunais, deverão também ser equiparados em termos de protocolo, não vingando no entanto a atribuição do mesmo destaque para o Procurador-Geral da República.