A escultura é descerrada a 10 de Junho, junto à EB1 de Fiscal, nas comemorações dos vinte anos sobre o desaparecimento (e dos sessenta anos sobre o nascimento) do autor de "O corpo é que paga", que incluem ainda exposição de fotografia e BD alusiva à sua obra, sessão solene nos paços do concelho e ida ao cemitério onde está sepultado. A sugestão da colocação de um busto ao "embaixador" António Variações partiu do grupo da CDU na Assembleia Municipal de Amares, em finais de 2002. "Foi aceite por unanimidade, como reconhecimento por alguém que elevou bem alto o nome do concelho", declarou ao PÚBLICO o autarca José Barbosa, recordando que há também uma rua com o seu nome na freguesia de Ferreiros. Fagundes acolheu a proposta como forma de homenagem ao músico, que era barbeiro de profissão e que "lamentavelmente" não chegou a conhecer. O busto de bronze está a ser preparado numa fundição em Gaia, enquanto a base de granito é ultimada numa pedreira de Amares, sendo que a obra fica pronta no final do mês. Os materiais aliam a simplicidade com o rústico, sublinhou o ilustrador. António Variações, ou melhor, António Rodrigues Ribeiro (3/12/1844-13/06/1984) foi o quinto de dez filhos de Deolinda de Jesus e Jaime Ribeiro. Aos 11 anos, foi como aprendiz para Lisboa, tendo pulado por vários escritórios até cumprir o serviço militar, em Angola. Depois, passou por Londres e Amesterdão, onde em 1976 aprendeu a sua verdadeira profissão: barbeiro. Instalou um cabeleireiro em Lisboa e, nos tempos livres, aprofundou a sua "maior necessidade" - cantar -, apesar de nunca ter tocado um instrumento nem tido aulas de canto. Deixou três álbuns - o "single" "Povo Que Lavas no Rio/Estou Além" (1982), "Anjo da Guarda" (1983) e "Dar & Receber" (1984) -, tendo falecido no pico da sua criatividade. Em 1984, teve um disco de homenagem com versões de Sérgio Godinho, Delfins, Madredeus, Resistência, Isabel Silvestre ou Mão Morta. Em 1997, chegou a n.º 1 do top com o "best of", editado pela EMI. Misturando a figura bizarra de cabelos coloridos e roupas extravagantes, letras de provérbios, sabedoria popular e pós-revolucionárias e ainda a característica música que fundia folclore (que ouvia em casa em miúdo), dança (das discotecas de Lisboa), rock e fado (Amália foi a sua diva), António Variações conseguiu reunir à sua volta novos e velhos, cidade e campo, sendo irreverente sem cair no pimba em sucessos como "O corpo é que paga", "É p'ra amanhã" ou "Canção do Engate".
Pode também ter interesse em: