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Segunda-feira, 17 Abril 2006 23:22

IRAQUE
Gays dizem que estão sendo perseguidos



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Hussein, 32, diz que tem medo de sair de casa


“Eu não quero mais ser gay. Quando eu tenho de sair para comprar pão, eu tenho medo. Quando a campainha toca, eu imagino que eles vieram para me pegar.”

O medo é uma constante companhia para Hussain e para quase todos os homens homossexuais no Iraque.

Eles dizem que desde a invasão liderada pelos Estados Unidos, gays têm sido assassinados por causa de suas preferências sexuais. Para eles, a violência crescente se deve ao aumento da influência de religiosos e de milícias paramilitares no Iraque pós-Saddam.

O Islã considera o homossexualismo pecaminoso. O aiatolá Sistani, o clérigo xiita mais importante do Iraque, disse num website que os gays devem ser mortos. “Os que cometem sodomia têm de ser mortos da maneira mais dura possível”, diz uma das seções do site que lida com questões ligadas à moralidade. A declaração aparece somente na versão em árabe do site, que é publicada na cidade iraniana de Qom, mas não na versão em inglês.

A BBC pediu esclarecimentos sobre as declarações a um representante do aiatolá Sistani, Seyed Kashmiri.

“Homossexuais e lésbicas não são mortos por praticar atos homossexuais pela primeira vez”, disse Kashmiri, numa resposta por e-mail. “Certas condições são estabelecidas por juristas antes das punições, o que provavelmente acontece também em outras religiões.” “Algumas dessas condições são estabelecidas na teoria”, disse Kashmiri. “Nem tudo o que está escrito chega à prática.”

Ainda mais violência

Assassinatos e seqüestros acontecem com freqüência alarmante em todo o Iraque, com muita da tensão sendo ligada à violência sectária e à resistência à ocupação americana. Mas os homossexuais iraquianos que falaram à BBC disseram que, além disso, eles também são vítimas de ataques causados pela sua preferência sexual.

Hussein tem 32 anos e vive em Bagdá com seu irmão, cunhada e sobrinhos. Ele diz que sua aparência e comportamento afeminados lhe trazem grande hostilidade. Ele concordou em falar desde que seu nome real não fosse publicado nem sua foto revelada. “Os amigos de meu irmão disseram para ele: ‘Com toda essa confusão, você poderia matar seu irmão sem ter problemas e ainda se livrava dessa vergonha.” Hussein diz que um transexual amigo seu, que tinha mudado o nome de Haydar para Dina, foi assassinado quando ia para uma festa em Bagdá há seis meses.

Deixando o país

Ahmed é um decorador de 31 anos que morava em Bagdá com seu namorado, Mazin, mas se mudou para a Jordânia há nove meses, quando Mazin foi assassinado num tiroteio numa academia de ginástica.

Depois que Mazin foi morto, Ahmed conseguiu escapar se escondendo nos banheiros da academia e logo depois foi para Amã, capital da Jordânia. Ahmed diz que era sabido que os dois eram homossexuais e que Mazin foi morto por causa disso. “Deixei o Iraque por medo de ser morto”, ele disse à BBC. Depois do tiroteio na academia, Ahmed escapou de outro atentado, onde ele e um amigo gay sobreviveram a um ataque de granadas, das quais ele ainda tem fragmentos no rosto. Seu amigo foi executado em casa por homens armados uma semana depois.

Com medo da polícia

O vice-ministro do interior do Iraque, major General Hussein Kamal, disse à BBC que ele não tinha conhecimento de que minorias estivessem sendo sistematicamente atacadas. Kamal também afirmou que desconhecia qualquer declaração na qual o aiatolá Sistani defendesse a execução de homossexuais. “Nós não endossamos a ação de vigilantes e encorajamos as vítimas a informar as autoridades se sofrerem tais ataques”, afirmou o vice-ministro. O Ministério do Interior é comandado por membros do Conselho Supremo para a Revolução Islâmica do Iraque (Sciri), um dos maiores partidos xiitas do país. O Sciri tem a sua própria milícia, as Brigadas Badr, levantando suspeitas de que parte da policia aja sob sua influência.

Hussein, entretanto, afirma que os homossexuais têm medo da polícia. Segundo ele, as Brigadas Badr e outra milícia xiita são responsáveis por muitos dos ataques aos gays. A Anistia Internacional disse que não tem dados sobre grupos anti-homossexuais agindo no Iraque. Mas para Hussein, Ahmed e ativistas pelos direitos dos homossexuais, há provas claras de que a situação piorou muito para eles.

“Saddam era um tirano, mas pelo menos tínhamos mais liberdade”, diz Hussein. “Hoje, gays estão sendo mortos sem nenhum motivo.”

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