O (apelidado um pouco ironicamente) Ministério da Cultura proibiu os cinemas deste país do Médio Oriente de exibirem este filme, protagonizado por Eddie Redmayne como Lili Elbe, uma das primeiras trans a submeterem-se à cirurgia de correcção de sexo. Esta proibição foi anunciada num tweet.
"Gostaríamos de informar que entrámos em contacto com o departamento em causa e a exibição do filme agora está proibida nos cinemas", escreveram. "Agradecemos a sua vigilância inabalável."
Um representante de cinemas do Qatar disse ao Doha News que tinham cancelado todas as sessões do “The Danish Girl”. A Novo Cinemas e Filmes Cineco tiveram também horários de exibição programados para o filme antes da proibição do governo.
A proibição provocou um aceso debate social, com muitos apoiando a decisão do governo sob a hashtag "Não para a exibição de The Danish Girl". Doha News traduziu vários tweets de usuários.
"Eu assisti ao trailer do filme e não deve ser exibido aqui", escreveu Aljorry1979. "Ele contém depravação moral suficiente para dar a volta ao mundo."
"Não para qualquer filme que contradiga a nossa religião, a moral e as tradições", twittou almuhra8. "Esperamos que as pessoas responsáveis pela exibição de (tais) filmes sejam responsabilizadas."
Alguns opuseram-se à proibição, como Alialmarri2116 dizendo que não havia "nada fora do comum sobre o filme", já que conta uma história verdadeira. "O desvio real está na mente dos que pedem que seja banido."
O Catar ou Qatar é um país árabe, conhecido oficialmente como um emirado do Oriente Médio, ocupando a pequena Península do Catar na costa nordeste da Península Arábica. A censura não é novidade no Qatar nem noutros países do Médio Oriente subjugados a ditadorzinhos abrigados e defendidos por democracias ocidentais, democracias estas dispostas a esquecerem os direitos humanos a troco do poderoso petróleo.
“O Lobo de Wall Street” (Wolf of Wall Street), que continha cenas de sexo, palavrões e uso de drogas, teve um quarto do filme cortado antes de poder ser exibido no país. Uma pesquisa de 2014 pela Universidade Northwestern no Qatar revelou que oitenta por cento dos inquiridos apoiam alguma forma de censura em filmes.
"Este apoio à censura e monitoramento governamental de conteúdos de entretenimento é observado em todas as facetas na população, excepto, talvez, entre os expatriados ocidentais no Qatar", disse o relatório.
Que mesmo os trailers de “The Danish Girl” tenham sido exibidos é um pouco surpreendente, dada a forte oposição do Qatar para questões LGBT. Sexo homossexual e/ou lésbico pode incorrer em multas de até sete anos de prisão - embora a pena de morte possa ser aplicada a qualquer muçulmano condenado. Não há proteções contra discriminação consagradas na lei e as pessoas trans do Qatar não podem legalmente alterar o seu sexo/género.
Tom Hooper, realizador do filme disse ao Metro Weekly no ano passado que esperava que o filme ajudasse a influenciar o diálogo em torno das questões trans. "Eu realmente espero que possa levar a audiência em geral numa viagem que abra os seus corações e mentes a pessoas que já foram marginalizadas por muito tempo ... isso seria maravilhoso", afirmou.