O chanceler alemão, Gerhard Schroeder, considerou ontem em Weimar (Este do país) que a "lembrança da época nazi" faz parte da identidade nacional alemã, durante as cerimónias do 60º aniversário da libertação do campo de concentração de Buchenwald. "Lembrar a época do nacional-socialismo, da guerra, do genocídio e dos crimes é uma parte da nossa identidade nacional. E é uma responsabilidade moral constante", declarou o chanceler social-democrata perante um conjunto de personalidades e cerca de 550 antigos prisioneiros daquele campo de concentração, onde morreram cerca de 56.000 pessoas. "Não queremos e não permitiremos que a injustiça e a violência, o anti-semitismo, o racismo e o ódio aos estrangeiros tenham um dia de novo uma hipótese", acrescentou Sch-roeder num discurso em tom grave. As comemorações do sexagésimo aniversário da libertação do maior campo de concentração em solo alemão foram marcadas por um incidente entre o escritor espanhol Jorge Semprun e outros sobreviventes. Semprun foi um dos oradores do acto solene celebrado no Teatro Nacional de Weimar, a cidade mais próxima de Buchenwald, no início das comemorações. O escritor baseou o seu discurso na ideia de que este é o aniversário em que os sobreviventes poderão dar verdadeiramente o seu testemunho, insistindo que "a memória acaba", numa referência a que a maioria deles são já muito idosos. O discurso gerou protestos da assistência, de onde se ouviam gritos de que entre os sobreviventes estão pessoas que eram crianças na altura, que poderão continuar a dar o seu testemunho dentro de dez anos. Pelo seu lado, o presidente do Conselho Central dos Judeus na Alemanha, Paul Spiegel, expressou alarme pela "normalização" dos partidos de Extrema-Direita na Alemanha e o temor de que se desvaneça a recordação e se perca a informação sobre o passado nazi.