"Estamos fartos de que nos salvem", afirmou em San Sebastian, onde recebeu o Prémio Ramón Rubial dos valores socialistas.
Os comentários são o facto mais recente na polémica causada por uma manifestação promovida pela hierarquia da Igreja Católica espanhola, em Dezembro último, em Madrid, convocada para defesa da família, mas que se converteu num fórum de ataque directo ao Governo.
No protesto, vários bispos atacaram a lei do casamento homossexual, afirmando que o laicismo era uma ameaça à Constituição e à democracia.
A manifestação incluiu declarações por vídeoconferência do Papa Bento XVI que, na segunda-feira, no Vaticano, e perante o corpo diplomático, voltou a criticar os que põem "em risco" a união familiar homem-mulher.
"Tontices"
Em resposta, Felipe Gonzalez - recentemente foi escolhido para presidir ao Grupo de Sábios da União Europeia, que visa reflectir sobre o futuro da Europa -, afirmou que, ao ouvir os bispos, se torna "impaciente e quase impertinente", sentindo vontade de "fazer um rosário para que não digam mais tontices".
"A laicidade é o fundamento da convivência entre diferentes sentimentos de pertença étnico-cultural ou étnico-religiosa", afirmou.
"Os que não pensam assim, os que têm atitudes integristas, tendem a excluir os outros, porque o integrismo tem muito que ver com uma espécie de concessão ética do absoluto. E quando se sente a ética do absoluto exclui-se o outro, o que não partilha a verdade absoluta que um trás na mochila", sublinhou.