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Terça-feira, 2 Dezembro 2003 00:58

SIDA
Apenas Cinco por Cento dos Doentes Tem Acesso ao Tratamento



PortugalGay.pt

Cinco milhões de pessoas foram infectadas em 2003 pelo HIV em todo o mundo, mas apenas cinco por cento têm acesso a tratamento.


A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) pediu ontem aos governos dos vários países que, no âmbito do plano da Organização Mundial de Saúde (OMS) contra a doença, denominado "Três por Cinco", forneça medicamentos gratuitos aos doentes com sida. Ao mesmo tempo, os MSF apelaram à indústria farmacêutica para que desça o preço dos seus produtos. O plano da OMS deixa nas mãos de cada um dos governos a possibilidade de decidir se os anti-retrovirais, os medicamentos usados no combate à doença, são ou não gratuitos. "De cada vez que o preço dos medicamentos desce, mais pessoas podem ter acesso ao tratamento", alertou ontem Morten Rostrup, presidente dos MSF. "Mesmo assim, para os pobres o preço será sempre incomportável", acrescentou. No âmbito do plano "Três por cinco", a OMS ambiciona levar anti-retrovirais a três milhões de pessoas até ao fim de 2005. Este programa, que abrange apenas uma pequena parte das pessoas que precisam de tratamento - a OMS estima que são seis milhões de pessoas as que necessitam destes medicamentos -, carece de "fundos suplementares consideráveis de todas as fontes possíveis, países, governos doadores e organismos multilaterais de financiamento". Tanto a Grã-Bretanha como o Canadá anunciaram ontem apoios financeiros para a luta contra a doença. O Canadá vai doar 76 milhões de dólares americanos para o combate à sida em África. Trata-se de uma quantia que será repartida por cinco anos e destinada sobretudo à Tanzânia e a Moçambique, países onde as taxas de infecção são das mais elevadas do mundo. Hilary Benn, o ministro britânico do Desenvolvimento, anunciou que o seu país vai duplicar para seis milhões de libras (8,7 milhões de euros) o seu apoio para o ano de 2004 à luta contra a epidemia. Entretanto, Jeffrey Sachs, um reputado economista norte-americano, acusou ontem o presidente George W. Bush de prosseguir uma "agenda de guerra" e de negligenciar a luta contra a pobreza e a Ssida nos países em vias de desenvolvimento. "Na agenda mundial, o desenvolvimento foi substituído pela guerra", criticou Sachs, conselheiro do secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, e professor na Universidade de Columbia. "O 11 de Setembro, que dominou a agenda mundial durante mais de dois anos, custou três mil vidas. Todos os dias, vinte mil pessoas morrem devido à pobreza: de sida, de tuberculose ou de malária", frisou Jeffrey Sachs, que falava na abertura da conferência da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial. "Este ano, o mundo vai gastar 900 biliões de dólares em armamento e provavelmente um bilião na luta contra a sida", disse ainda o economista. No mundo, cerca de 14 mil pessoas contraem diariamente o vírus e a África subsariana é a região mais duramente afectada pela doença, com cerca de 26,6 milhões de pessoas infectados em 2003, dos quais 3,2 milhões contraíram o HIV durante o ano transacto.

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