As situações inusitadas aconteceram durante as cerimónias religiosas de sexta-feira santa realizadas no Vaticano e também em declarações de um Bispo do Paraguai.
O padre Raniero Cantalamessa durante o seu sermão na presença do Papa Bento XVI começou por lamentar o "ataque violento e direccionado contra a Igreja e o Papa", referindo-se às pressões pelos média nos EUA e na Europa para que seja revelado o papel da hierarquia da Igreja Católica nos múltiplos casos de abuso sexual de menores realizados por padres.
Mas depois fez uma comparação entre a suposta culpabilização da Igreja como um todo pelo papel de alguns membros da mesma referindo que esta "transferência de responsabilidades" lhe fazia lembra os "aspectos mais vergonhosos do anti-semitismo". Recorde-se que o exemplo máximo do anti-semitismo foi o Holocausto em que milhões de judeus foram exterminados pelas forças Nazis nos anos 40 do século XX.
Entretanto, no mesmo dia, o Bispo Jorge Livieres Plano, do Paraguai, veio a público defender que as situações de pedofilia divulgadas nos media internacionais são na "sua maioria falsas" e que representariam uma perseguição organizada por causa das posições da Igreja em relação à Interrupção Voluntária da Gravidez e aos direitos de gays e lésbicas. Plano alegou que existem "mais homens infiéis às suas esposas, pedófilos e homossexuais do que sacerdotes infiéis à sua vocação, pedófilos e homossexuais".
Assinalamos a forma como esta pessoa que, supostamente, teria responsabilidades dentro da Igreja Católica consegue colocar no mesmo saco situações tão distintas como o relacionamento consentido e informado entre pessoas adultas do mesmo sexo, a infidelidade conjugal e o abuso sexual de menores.
Vale recordar que para Igreja Católica o casamento é indissolúvel: qualquer pessoa que se case pela Igreja está em "infidelidade" ao divorciar-se no civil e realizar um novo casamento...