Professores e associações de pais ouvidos pelo CM admitem tal proposta mas defendem, como primeira linha de actuação, a implementação da educação sexual nas escolas, que não existe. "É importante fazer educação sexual nas escolas mas os vários governos têm falhado porque não têm tomado medidas para se avançar nesse nível, que passa pela formação de professores", afirma Manuela Teixeira, dirigente da FNE - Federação Nacional dos Sindicatos de Educação. Reconhece a importância do "muito trabalho a fazer nesta área, que é complexo e importante e deve ser feito ao nível do 3.º ciclo e secundário num quadro multidisciplinar" que passa ainda pela prevenção da gravidez precoce, uma situação que coloca Portugal como segundo país europeu com maior número de mães adolescentes, logo a seguir à Inglaterra. Manuela Teixeira considera que uma máquina de venda de preservativos numa escola "é melhor que nada. Não é pior que ter uma criança com gravidez precoce e com sida e a máquina não deve ser vista como um incentivo à prática das relações sexuais". O diálogo dos jovens com os pais deve ser, na sua opinião, uma "articulação" com a educação sexual na escola, que é ainda condicionada pelas conotações religiosas. Defende que se faça uma experiência-piloto, com a colocação de uma máquina numa escola. No fim devem avaliar-se os efeitos, mas aconselha prudência. António Avelãs, da FENPROF - Federação Nacional dos Professores -, reconhece que "há uma tradição negativa que rodeia a sexualidade que não é facilmente ultrapassada". "É preciso que a escola seja pioneira no combate à sida e ultrapasse esses problemas. Em termos globais a educação sexual não existe e é preciso que os professores recebam formação, mas temo que não se avance muito nesse campo." Albino Almeida, presidente da CONFAP - Confederação das Associações de Pais - diz que "a fim de se evitarem 'suicídios', podem ser aceitáveis as máquinas dos preservativos nas escolas". "A prevenção não chega e a sida mata, logo é um 'suicídio' ter relações desprotegidas. As máquinas dos preservativos são um mal menor, talvez necessário na contingência desta realidade, talvez assim seja possível salvar vidas", afirma.
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