Esta marcha começou em 1886 na cidade de Chicago, USA, tendo como uma das principais bandeiras o horário diário de trabalho, a jornada que à época se situava muitas vezes nas 17 horas por dia. Na altura o objectivo era 8 horas de trabalho por dia, o que veio a ser adotado por muitos dos países industrializados do mundo. De lá para cá muita coisa mudou e os trabalhadores, mais que as trabalhadoras, eram força de produção de riqueza, e foram conquistando cada vez mais e melhores condições de trabalho e proteção do seu emprego. Mas hoje em muitos casos poderíamos dizer que estamos de novo em 1886, talvez não pela carga horária (e mesmo assim), mas certamente pela redução de proteção das condições sob as quais o trabalho é prestado. Isso viu-se hoje pelo menos no Porto, e no grupo que chamava a atenção para os trabalhadores(as) precários, a recibo verde, e até sem nenhuma forma de contrato.
Da Praça dos Poveiros saiu um grupo que embora não fosse grande era ruidoso e colorido: a abrir as boxes verdes, outras há que são amarelas, de entrega da comida ao domicilio, que hoje vemos circular um pouco por algumas das grandes cidades. A coisa estava tão bem conseguida que houve quem as confundisse com as verdadeiras. Ruidosamente desceram Passos Manuel, desligaram o potenciómetro na Praça D. João I para só o voltar a ligar já nos Aliados.
Nos Aliados as palavras de ordem tiveram outra força, porque parece que uns, ou umas trabalhadoras tem mais direito à manifestação ou à celebração do 1º de Maio que outras... novidades não há. Não é de hoje que a manifestação do 1ª de Maio é uma propriedade das plataformas sindicais, aquelas que "representam as trabalhadoras", mas como não há ainda um sindicato das profissionais do sexo nessas plataformas então elementos da CGPT-IN vieram dizer ao grupo de precários que não podiam gritar palavra de ordem como “Trabalho sexual, é trabalho”, a faixa poderia desfilar mas amordaçada entre os rabos dos da frente e a genitália dos de trás, bem dentro do meio. Pessoas como José Soeiro do Bloco de Esquerda e Maria José Magalhães da UMAR vieram a terreiro tentar perceber o que se passava, mas a coisa não é, efetivamente, compreensível.
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