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11º Festival de Cinema Gay e Lésbico de Lisboa

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Sábado, 15 - 15:30
Cinema São Jorge - Sala 3
Programa de Curtas
Shorts' Program
No Pasa Nada - Temas Lésbicos (73 min)
Por um fio
Miguel Alves
Competição Curtas-Metragens Ficção
14 min. Portugal 2007 iCal Google Calendar
Uma mulher lava um lençol, vestida de preto. Os seus gestos são melancólicos e pausados. O seu olhar é sofrido. O lençol tem um bordado vermelho, feito pela sua falecida companheira. É por ela que ainda cumpre luto, é por ela que não consegue desligar-se do passado. Mas no momento em que pendura o lençol no estendal do prédio onde vive, este rebenta e conduz a mulher num regresso ao passado, onde reencontra momentos felizes com a companheira. No mesmo momento, dois vizinhos redescobrem-se a partir das suas janelas. O amor torna-se um fio de novelo vermelho, que ao mesmo tempo que revela o caminho para um futuro da protagonista, aproxima duas vidas no presente.

A woman cleanses a bedspread, dressed in black. Her gestures are paused and melancholic. Her gaze is heavy. The bedspread has a red embroidery, sewed by her deceased partner. It is for her she still mourns, it is for her she holds on to the past. But the moment she hangs the bedspread to dry outside the window of her apartment, it bursts out and drives her back to the past, recalling the happy moments spent with her partner. In the same instant, two neighbours rediscover each other through their windows. Love rekindles into a thread of red wool which enlightens the path of the woman's future at the same time it brings together two present lives.

Domingo, 16 - 15:30
Cinema São Jorge - Sala 3
Com a presença de:
With the presence of:
Leonor Areal
Fora da lei
Outlaw

Leonor Areal
Competição Documentários
84 min. Portugal 2006 iCal Google Calendar
Teresa e Lena são duas lésbicas que tentaram casar, desafiando a lei. Mas o mediatismo do caso trouxe-lhes ainda mais dificuldades e discriminação. Estas duas mães - e duas filhas - são uma família de facto, mas fora da lei. Para elas, casa, escola e trabalho podem tornar-se grandes problemas.

Teresa and Helena are a lesbian couple who challenged the law by trying to get married. But public notoriety called upon them even more difficulties and discrimination. These two mothers - and their two daughters - are an outlaw family. Housing, school and work can become major problems for them.

Domingo, 16 - 21:30
Cinema São Jorge - Sala 3
Restrospectiva
Charme indiscreto de Epifânea Sacadura
Óscar Alves
Retrospectiva Cinema Gay Português Anos 70 - Curta Metragem
27 min. Portugal 1975 iCal Google Calendar
Esta primeira curta-metragem de Óscar Alves experimenta a lógica de estrutura narrativa em flashbacks e a temática que viriam a ser desenvolvidas no seu posterior Aventuras e Desventuras de Julieta Pipi, este último já com mais avançados meios. Filmado sem som e sem qualquer trilha sonora, recorrendo apenas aos inter títulos, para nos dar a conhecer os diálogos essenciais, o filme exige um ritmo e expressividade maiores aos seus intervenientes, sendo que para tal, Alves recria uma estética expressionista do cinema mudo. O filme situa-nos desde logo no tempo e espaço da acção: estamos em 1930 no Chalé das Águas Correntes. Epifânea Sacadura (Fefa Putollini), actriz, cumprimenta-nos com um 'Hello, Boys!', estendida na sua chaise longue em pose dengosa, aproveitando mesmo em certos momentos para se acariciar. Epifânea está claramente a querer seduzir os rapazes. A actriz fala-nos da sua carreira. Conta-nos a história da rodagem de um filme, onde vemos a sua personagem a receber um cavalheiro em casa, que se revela ser um vampiro. Situação que ela resolve recorrendo a uma 'Bufa Engarrafada' que tinha ali à mão, de forma a imobilizá-lo. Não contente, vai buscar uma estaca e martelo king size, de forma a completar o serviço. Epifânea confessa que a sua vida no cinema a tornou 'bêbeda, gulosa e nevrótica', antes de passar a mais uma memória: a da rodagem do Última Valsa em Cucu. Aqui, uma praia recria um deserto que é cenário a uma história das arábias, onde vemos a actriz a rastejar de bikini de concha em direcção aos braços do galã. No set, o actor revela-se um cavalheiro, ao apoiá-la quando é mordida por uma aranha ('Uma Bicha!', grita), chegando mesmo a fazer-lhe as unhas. O actor perde apenas a compostura quando Epifânea lhe levanta a túnica, ao que ele reage: 'No cu, não!'. O filme termina com um anúncio à margarina 'Vaqueiro' - 'Até no deserto, Cuzinho com Vaqueiro' -, numa sequência que é uma clara referência ao Último Tango em Paris (1972), de Bernardo Bertolucci. De seguida, ainda na chaise longue, a actriz conta-nos como foi descoberta para o cinema aos 18 anos. Ficamos a saber das suas origens camponesas, e de como o realizador Laurentis Kommecús a descobriu quando ela subia a uma árvore e enxotava uma borboleta que lhe havia pousado no rabo. Kommecús incumbe a sua urbana produtora de ensinar Epifânea a comer, a maquilhar-se e a andar de saltos, de forma a torná-la numa estrela. No final, como seria previsível pelo nome artístico do seu realizador, são-nos reveladas as fotos dessa sua primeira experiência cinematográfica: um filme porno. J. F.

In his first short film, Óscar Alves experiments with the flashback-based narrative structure and the theme that would be further explored in his later work Aventuras e Desventuras de Julieta Pipi, filmed with greater means. Shot with no dialogues or sound effects, the film relies on intertitles to convey the essence of the dialogues, and it requires greater rhythm and expressivity from its actors; to this end, Alves recreates the expressionist aesthetics of silent cinema. The time and setting of the action are revealed immediately: 1930, the Chalé das Águas Correntes (Chalet of Running Waters). Epifânea Sacadura (Fefa Putollini), actress, welcomes us with a 'Hello, Boys!'; lounging on her chaise longue in a languid pose; she even fondles herself on occasion. Epifânea is clearly bent on seducing the boys. The actress speaks of her career; she tells the story of the making of a film, in which we see her character receive the visit of a gentleman that turns out to be a vampire. A situation she resolves by immobilising him through a 'Bottled Fart' she had handy. She then produces a king-size hammer and stake to get the job done. Epifânea confesses that life in the movies has made her into 'a drunk, glutton, and neurotic', and then recounts one more recollection: the filming of Última Valsa em Cucu (Last Waltz in Booboo). A beach stands in for the desert that serves as the backdrop for an exotic story; the actress, in a shell bikini, crawls into the arms of the leading man. On set, the actor turns out to be a real gentleman, helps Epifânea when she is bitten by a spider, and even gives her a manicure. The actor only looses his stride when Epifânea pulls his tunic up, and screams, 'Not in the ass!' The film ends with a commercial for the 'Vaqueiro' brand of margarine 'Even in the desert, a little 'Vaqueiro' comes in handy', in a sequence that is a clear reference to Bernardo Bertolucci's Last Tango in Paris (1972). The actress then, still reclining on her chaise longue, recounts her discovery at 18. We learn of her peasant origins, and how director Laurentis Kommecús discovered her while climbing a tree and shooing away a butterfly that had landed on her behind. Kommecús instructs his refined producer to school Epifânea in how to eat, apply makeup, and walk on heels, so that he may turn her into a star. The conclusion, as foreseeable from the director's artistic name, the photos of Epifânea's first filmic efforts are revealed: a porn flick. J. F.

Aventuras e desventuras de Julieta Pipi ou o processo intrínseco global kafkiano de uma vedeta não analisado por Freud
Óscar Alves
Retrospectiva Cinema Gay Português Anos 70 - Longa Metragem
44 min. Portugal 1978 iCal Google Calendar
A sequencia de abertura deste Aventuras e Desventuras de Julieta Pipi denuncia, desde logo, a tematica do filme. Imagens de Los Angeles dos anos 70 e uma posterior descolagem do aeroporto de LAX, dao lugar a Portela, onde a actriz de renome internacional, Julieta Pipi (Belle Dominique), acaba de chegar a Lisboa. Miss Pipi prepara-se para uma tensa conferencia de imprensa a ter lugar no seu palacio dos arredores da capital. Perante um questionario, por vezes politico, outras intelectual, ou mesmo inquisitoriamente sexual, Pipi defende-se, com sotaque italiano (influencia do ultimo filme que rodou, em Italia), a todas as provocacoes, contornando mesmo as impertinentes questoes sobre a sua formacao dramatica. Sempre com a conferencia a dar o mote, o filme opera uma sequencia de flashbacks, que nos dao a conhecer a sua obra e passadas glorias. A estrela comeca por falar de uma experiencia em Africa, num 'filme realista', rapidamente . nas suas palavras, tornado 'filme terrorista', pois acabou no hospital 'toda chupada', culpa das adversidades da rodagem. No seu primeiro filme, de registo burlesco, Pipi tambem havia terminado no hospital. Seguidamente, assistimos a uma participacao sua num musical, sob um medley onde nao faltam classicos como o 'Singing in the Rain', e com direito a apoteose final com Pipi a interpretar o 'Thatfs Entertainment', acompanhada de um arrojado coro de homens nus. Mas e no flashback final que ficamos a saber como entrou para o mundo do cinema. Previsivelmente, Pipi havia sido 'puta' e foi 'naquela casa´ onde conheceu o homem que se havia de tornar realizador, depois de a conhecer. A casa da gmadamah (Guida Scarllaty), que vive rodeada das suas gsobrinhash, revela]nos os mais bizarros encontros sexuais, mais ou menos explícitos, com curas, comendadores e outras personalidades. Temos mesmo acesso ao quarto da própria 'adama' onde ela discute com o amante, protestando pela sua indiferença e interesse exclusivo pela leitura - mas afinal o seu interesse está num homem que mantém escondido atrás da cortina. Pipi é aqui disputada por um poderoso cliente (de longo casaco de peles), que assassina o comendador, para poder passar a noite com ela. Óscar Alves consegue, com pouquíssimos meios, dirigir e coreografar um numeroso e dedicado elenco, encabeçado por Belle Dominique e Guida Scarllaty, que asseguram um ritmo vertiginoso ao filme. Belle Dominique tem um perfeito domínio dos timings cómicos (em muito derivado da sua experiência de palco), como por exemplo no momento em que, à pergunta sobre o que acha sobre a literatura, Pipi responde: 'comi uma vez e não gostei'. Mas o actor domina de igual modo uma contenção e registo mais dramático, como nos revela a cena final, com uma belíssima sequência de vários curtos takes do seu rosto, progressivamente masculinizado. Curiosa esta opção final de desmascarar o género sexual do seu protagonista / actor. J. F.

The opening sequence of Adventures and Misadventures of Julieta Pipi clearly trumpets the film's theme. Images of 1970s Los Angeles, and a departure from LAX, give way to Lisbon airport, where internationally famous actress Julieta Pipi (Belle Dominique) has just arrived. Miss Pipi gets ready for a tense press conference, to take place in her palace on the outskirts of town. Faced with questions that are at times political, others intellectual, and even frankly and inquisitively sexual, Pipi defends herself in her Italian accent (a leftover from her latest film, shot in Italy) from all provocations, and even skirts the impertinent questions on her acting background. With the press conference as its backbone, the film delves into Pipi's career and past glories through a series of flashbacks. The star begins by speaking of her experience in Africa, in a 'realist film' which soon turned into - in her own words - a 'terrorist film'. She ended up in hospital, 'all worn out', due to the adversities of filming. In her first film, a comedy, Pipi had also ended up in hospital. We then follow her participation in a musical, with a medley including classics such as 'Singing in the Rain', and the triumphant finale of Pipi singing 'That's Entertainment', accompanied by an audacious chorus of naked men. The final flashback reveals how Pipi entered the world of movies. Predictably, she used to be a prostitute, and while working at 'that house' met the man who would go on to become a director. The house of 'madame' (Guida Scarllaty), who lives surrounded by her 'nieces', reveals bizarre sexual encounters, more or less explicit, with priests, social notables, and various unsavoury characters. We even gain access to the room of 'madame' herself, where she argues with her lover, complaining of his indifference and exclusive interest in books - while said interest is actually invested in a man he keeps hidden behind a curtain. Pipi is then claimed by a powerful client (in a long fur coat), who murders an official to spend the night with her. Óscar Alves succeeds, with extremely limited means, in directing and choreographing a numerous and dedicated cast, led by Belle Dominique and Guida Scarllaty, who give the film a dizzying rhythm. Belle Dominique masters comic timing perfectly (thanks to her stage experience), such as when she is questioned as to what she thinks of literature: 'I ate it once, and didn't like it'. The actor, however, also demonstrates a notable grasp of the dynamics of a more dramatic register, as revealed by the final scene, a striking sequence of several short takes of his face, becoming more masculine. Unmasking the gender of the main character/actor is a peculiar final option. J. F.

Terça, 18 - 16:00
Cinema São Jorge - Sala 3
Restrospectiva 1
Charme indiscreto de Epifânea Sacadura
Óscar Alves
Retrospectiva Cinema Gay Português Anos 70 - Curta Metragem
27 min. Portugal 1975 iCal Google Calendar
Esta primeira curta-metragem de Óscar Alves experimenta a lógica de estrutura narrativa em flashbacks e a temática que viriam a ser desenvolvidas no seu posterior Aventuras e Desventuras de Julieta Pipi, este último já com mais avançados meios. Filmado sem som e sem qualquer trilha sonora, recorrendo apenas aos inter títulos, para nos dar a conhecer os diálogos essenciais, o filme exige um ritmo e expressividade maiores aos seus intervenientes, sendo que para tal, Alves recria uma estética expressionista do cinema mudo. O filme situa-nos desde logo no tempo e espaço da acção: estamos em 1930 no Chalé das Águas Correntes. Epifânea Sacadura (Fefa Putollini), actriz, cumprimenta-nos com um 'Hello, Boys!', estendida na sua chaise longue em pose dengosa, aproveitando mesmo em certos momentos para se acariciar. Epifânea está claramente a querer seduzir os rapazes. A actriz fala-nos da sua carreira. Conta-nos a história da rodagem de um filme, onde vemos a sua personagem a receber um cavalheiro em casa, que se revela ser um vampiro. Situação que ela resolve recorrendo a uma 'Bufa Engarrafada' que tinha ali à mão, de forma a imobilizá-lo. Não contente, vai buscar uma estaca e martelo king size, de forma a completar o serviço. Epifânea confessa que a sua vida no cinema a tornou 'bêbeda, gulosa e nevrótica', antes de passar a mais uma memória: a da rodagem do Última Valsa em Cucu. Aqui, uma praia recria um deserto que é cenário a uma história das arábias, onde vemos a actriz a rastejar de bikini de concha em direcção aos braços do galã. No set, o actor revela-se um cavalheiro, ao apoiá-la quando é mordida por uma aranha ('Uma Bicha!', grita), chegando mesmo a fazer-lhe as unhas. O actor perde apenas a compostura quando Epifânea lhe levanta a túnica, ao que ele reage: 'No cu, não!'. O filme termina com um anúncio à margarina 'Vaqueiro' - 'Até no deserto, Cuzinho com Vaqueiro' -, numa sequência que é uma clara referência ao Último Tango em Paris (1972), de Bernardo Bertolucci. De seguida, ainda na chaise longue, a actriz conta-nos como foi descoberta para o cinema aos 18 anos. Ficamos a saber das suas origens camponesas, e de como o realizador Laurentis Kommecús a descobriu quando ela subia a uma árvore e enxotava uma borboleta que lhe havia pousado no rabo. Kommecús incumbe a sua urbana produtora de ensinar Epifânea a comer, a maquilhar-se e a andar de saltos, de forma a torná-la numa estrela. No final, como seria previsível pelo nome artístico do seu realizador, são-nos reveladas as fotos dessa sua primeira experiência cinematográfica: um filme porno. J. F.

In his first short film, Óscar Alves experiments with the flashback-based narrative structure and the theme that would be further explored in his later work Aventuras e Desventuras de Julieta Pipi, filmed with greater means. Shot with no dialogues or sound effects, the film relies on intertitles to convey the essence of the dialogues, and it requires greater rhythm and expressivity from its actors; to this end, Alves recreates the expressionist aesthetics of silent cinema. The time and setting of the action are revealed immediately: 1930, the Chalé das Águas Correntes (Chalet of Running Waters). Epifânea Sacadura (Fefa Putollini), actress, welcomes us with a 'Hello, Boys!'; lounging on her chaise longue in a languid pose; she even fondles herself on occasion. Epifânea is clearly bent on seducing the boys. The actress speaks of her career; she tells the story of the making of a film, in which we see her character receive the visit of a gentleman that turns out to be a vampire. A situation she resolves by immobilising him through a 'Bottled Fart' she had handy. She then produces a king-size hammer and stake to get the job done. Epifânea confesses that life in the movies has made her into 'a drunk, glutton, and neurotic', and then recounts one more recollection: the filming of Última Valsa em Cucu (Last Waltz in Booboo). A beach stands in for the desert that serves as the backdrop for an exotic story; the actress, in a shell bikini, crawls into the arms of the leading man. On set, the actor turns out to be a real gentleman, helps Epifânea when she is bitten by a spider, and even gives her a manicure. The actor only looses his stride when Epifânea pulls his tunic up, and screams, 'Not in the ass!' The film ends with a commercial for the 'Vaqueiro' brand of margarine 'Even in the desert, a little 'Vaqueiro' comes in handy', in a sequence that is a clear reference to Bernardo Bertolucci's Last Tango in Paris (1972). The actress then, still reclining on her chaise longue, recounts her discovery at 18. We learn of her peasant origins, and how director Laurentis Kommecús discovered her while climbing a tree and shooing away a butterfly that had landed on her behind. Kommecús instructs his refined producer to school Epifânea in how to eat, apply makeup, and walk on heels, so that he may turn her into a star. The conclusion, as foreseeable from the director's artistic name, the photos of Epifânea's first filmic efforts are revealed: a porn flick. J. F.

Good-bye, Chicago
Oscar Alves
Retrospectiva Cinema Gay Português Anos 70 - Curta Metragem
16 min. Portugal 1978 iCal Google Calendar
Última incursão de Óscar Alves no cinema, Good-Bye, Chicago foi rodada com o propósito específico de abrir o espectáculo com o mesmo nome no Scarllaty Club, em 1978. Assim, o filme procura ficcionar aquelas que terão sido as peripécias ocorridas nas semanas anteriores e que deram lugar ao espectáculo a que agora o público iria assistir, ao vivo. Rodado sem som, Good-Bye, Chicago abre com a aterragem de uma avião privado no aeródromo de Tires, em Cascais, que transporta três divas, para grande aclamação de uma série de populares e fotógrafos que invadem a pista. As divas disputam a atenção dos fotógrafos presentes, ensaiando diferentes poses, não prescindindo mesmo da agressão física umas às outras de forma a conquistarem cada uma a ribalta. O tratamento de luxo da diva interpretada por Guida Scarllaty dá-lhe privilégios de viatura própria, descapotável, onde, acompanhada do seu cãozinho e de uma garrafa de champanhe, segue rumo a Lisboa. Mas uma avaria no carro deixa-a apeada, tendo que recorrer à boleia das suas 'rivais', apertando-se todas no banco de trás de um outro carro muito menos luxuoso, com direito a pernas e perucas de fora da janela durante o percurso. A sequência seguinte, com um carro de bombeiros e um corpo caído na estrada, faz adivinhar o que em breve se confirma num insert da capa de um jornal que noticia a morte das divas num acidente. Excepto a interpretada por Scarllaty… Rapidamente de volta ao activo, segue-se um casting para repor o elenco do espectáculo Good-Bye, Chicago. Vários travestis femininos, e uma masculina (o Tony, interpretado por Maria José, que também integrou o elenco do espectáculo), recebem uma missiva com o convite, que os apanha nas mais diversas circunstâncias: no meio da rodagem de um filme, num momento de intimidade, ou mesmo em plena mesa de operações, a meio de uma cirurgia. Para este segmento, Óscar Alves filmou uma sequência parodiando a peça de teatro A Verdadeira História de Jack, o Estripador (1977), em cena em Lisboa na altura e interpretada por Ana Zanatti e Zita Duarte. Na sequência final, todos e todas se reúnem no Scarlatty Club, e acaba o filme para se dar início ao Good-Bye, Chicago. J. F.

The last film directed by Óscar Alves, Good-Bye, Chicago was devised to open the show of the same name at the Scarllaty Club in 1978. The film is therefore the fictional version of the perilous events of the weeks that preceded it, events that resulted in the show which the audience was about to see live on stage. Filmed with no sound, Good-Bye, Chicago opens with the landing of a private plain at Tires airport, in Cascais; its three passengers, acclaimed by a multitude of fans and many photographers who invade the landing strip, are three divas. The three vie for the attention of the photographers, striking various poses, and even resorting to physical aggression in order to gain the spotlight. The diva played by Guida Scarllaty receives luxury treatment: she is whisked off towards Lisbon in her own convertible, with her puppy and a bottle of champagne in hand. When her car breaks down, she is forced to accept a ride from her 'rivals'; the three squeeze in the back of a much more modest car, with their legs and wigs sticking out of the car windows during the trip. The following sequence, showing a firemen's car and a body lying on the road, suggests what is soon confirmed by the insert of a newspaper headline, announcing the death of the divas in an accident. Except for the character played by Scarllaty… Soon returning to work, she organises a casting session for the show Good-Bye, Chicago. Several female transvestites and a male one (Tony, played by Maria José, who was also part of the show's cast), receive an invitation in the most unexpected circumstances: while shooting a film, during a moment of intimacy, or even on the operating table, while undergoing surgery. For this specific segment, Óscar Alves also used a sequence which parodies the theatre play A Verdadeira História de Jack, o Estripador (1977), playing in Lisbon at the time and staring Ana Zanatti and Zita Duarte. In the final sequence, all are reunited at the Scarlatty Club; the film ends, and Good-Bye, Chicago begins. J. F.

Terça, 18 - 18:30
Cinema São Jorge - Sala 3
Retrospectiva 2
Aventuras e desventuras de Julieta Pipi ou o processo intrínseco global kafkiano de uma vedeta não analisado por Freud
Óscar Alves
Retrospectiva Cinema Gay Português Anos 70 - Longa Metragem
44 min. Portugal 1978 iCal Google Calendar
A sequencia de abertura deste Aventuras e Desventuras de Julieta Pipi denuncia, desde logo, a tematica do filme. Imagens de Los Angeles dos anos 70 e uma posterior descolagem do aeroporto de LAX, dao lugar a Portela, onde a actriz de renome internacional, Julieta Pipi (Belle Dominique), acaba de chegar a Lisboa. Miss Pipi prepara-se para uma tensa conferencia de imprensa a ter lugar no seu palacio dos arredores da capital. Perante um questionario, por vezes politico, outras intelectual, ou mesmo inquisitoriamente sexual, Pipi defende-se, com sotaque italiano (influencia do ultimo filme que rodou, em Italia), a todas as provocacoes, contornando mesmo as impertinentes questoes sobre a sua formacao dramatica. Sempre com a conferencia a dar o mote, o filme opera uma sequencia de flashbacks, que nos dao a conhecer a sua obra e passadas glorias. A estrela comeca por falar de uma experiencia em Africa, num 'filme realista', rapidamente . nas suas palavras, tornado 'filme terrorista', pois acabou no hospital 'toda chupada', culpa das adversidades da rodagem. No seu primeiro filme, de registo burlesco, Pipi tambem havia terminado no hospital. Seguidamente, assistimos a uma participacao sua num musical, sob um medley onde nao faltam classicos como o 'Singing in the Rain', e com direito a apoteose final com Pipi a interpretar o 'Thatfs Entertainment', acompanhada de um arrojado coro de homens nus. Mas e no flashback final que ficamos a saber como entrou para o mundo do cinema. Previsivelmente, Pipi havia sido 'puta' e foi 'naquela casa´ onde conheceu o homem que se havia de tornar realizador, depois de a conhecer. A casa da gmadamah (Guida Scarllaty), que vive rodeada das suas gsobrinhash, revela]nos os mais bizarros encontros sexuais, mais ou menos explícitos, com curas, comendadores e outras personalidades. Temos mesmo acesso ao quarto da própria 'adama' onde ela discute com o amante, protestando pela sua indiferença e interesse exclusivo pela leitura - mas afinal o seu interesse está num homem que mantém escondido atrás da cortina. Pipi é aqui disputada por um poderoso cliente (de longo casaco de peles), que assassina o comendador, para poder passar a noite com ela. Óscar Alves consegue, com pouquíssimos meios, dirigir e coreografar um numeroso e dedicado elenco, encabeçado por Belle Dominique e Guida Scarllaty, que asseguram um ritmo vertiginoso ao filme. Belle Dominique tem um perfeito domínio dos timings cómicos (em muito derivado da sua experiência de palco), como por exemplo no momento em que, à pergunta sobre o que acha sobre a literatura, Pipi responde: 'comi uma vez e não gostei'. Mas o actor domina de igual modo uma contenção e registo mais dramático, como nos revela a cena final, com uma belíssima sequência de vários curtos takes do seu rosto, progressivamente masculinizado. Curiosa esta opção final de desmascarar o género sexual do seu protagonista / actor. J. F.

The opening sequence of Adventures and Misadventures of Julieta Pipi clearly trumpets the film's theme. Images of 1970s Los Angeles, and a departure from LAX, give way to Lisbon airport, where internationally famous actress Julieta Pipi (Belle Dominique) has just arrived. Miss Pipi gets ready for a tense press conference, to take place in her palace on the outskirts of town. Faced with questions that are at times political, others intellectual, and even frankly and inquisitively sexual, Pipi defends herself in her Italian accent (a leftover from her latest film, shot in Italy) from all provocations, and even skirts the impertinent questions on her acting background. With the press conference as its backbone, the film delves into Pipi's career and past glories through a series of flashbacks. The star begins by speaking of her experience in Africa, in a 'realist film' which soon turned into - in her own words - a 'terrorist film'. She ended up in hospital, 'all worn out', due to the adversities of filming. In her first film, a comedy, Pipi had also ended up in hospital. We then follow her participation in a musical, with a medley including classics such as 'Singing in the Rain', and the triumphant finale of Pipi singing 'That's Entertainment', accompanied by an audacious chorus of naked men. The final flashback reveals how Pipi entered the world of movies. Predictably, she used to be a prostitute, and while working at 'that house' met the man who would go on to become a director. The house of 'madame' (Guida Scarllaty), who lives surrounded by her 'nieces', reveals bizarre sexual encounters, more or less explicit, with priests, social notables, and various unsavoury characters. We even gain access to the room of 'madame' herself, where she argues with her lover, complaining of his indifference and exclusive interest in books - while said interest is actually invested in a man he keeps hidden behind a curtain. Pipi is then claimed by a powerful client (in a long fur coat), who murders an official to spend the night with her. Óscar Alves succeeds, with extremely limited means, in directing and choreographing a numerous and dedicated cast, led by Belle Dominique and Guida Scarllaty, who give the film a dizzying rhythm. Belle Dominique masters comic timing perfectly (thanks to her stage experience), such as when she is questioned as to what she thinks of literature: 'I ate it once, and didn't like it'. The actor, however, also demonstrates a notable grasp of the dynamics of a more dramatic register, as revealed by the final scene, a striking sequence of several short takes of his face, becoming more masculine. Unmasking the gender of the main character/actor is a peculiar final option. J. F.

Solidão Povoada
Óscar Alves
Retrospectiva Cinema Gay Português Anos 70 - Longa Metragem
45 min. Portugal 1976 iCal Google Calendar
Primeira longa metragem de Óscar Alves e o único filme da sua curta carreira como realizador que explora o registo do melodrama, não será ousadia afirmar que Solidão Povoada é herdeira de uma estética visual do Cinema Novo, cuja grande referência é o Verdes Anos (1963), de Paulo Rocha. Situado numa Lisboa pós 25 de Abril, que se quer cosmopolita, o filme retrata dois casais de classe média, interpretados por Domingos Oliveira, Carla Tuly, Fernando Silva e Isabel Wolmar. Na primeira cena do filme, apercebemo-nos desde logo da relação entre o protagonista (do qual nunca sabemos o nome) e Fernando. Estamos no apartamento das Amoreiras do primeiro, e Fernando liga-lhe de uma cabine. Já no carro, a caminho de Monsanto, o protagonista recorda a sua separação da ex-namorada (Carla Tuly), num flashback onde vemos os dois, numa encenação teatralizada nas ruínas do Carmo, a seguirem cada qual o seu caminho. Num outro flashback, ele recorda como conheceu Fernando, no dia em que foi à fábrica de vidro que ele dirige com a mulher (Isabel Wolmar), fazer uma encomenda. O protagonista parece já ter assumido a sua homossexualidade há algum tempo, pois antes desse primeiro jantar, a sós, com Fernando, ele vai 'despedir-se' da travesti (interpretada por Belle Dominique), ao seu camarim, dizendo-lhe que não pode assistir ao espectáculo de logo à noite, indiciando a ruptura de uma relação que foi 'necessária', mas sem futuro, pois ele, na verdade, repudia o mundo em que ela vive. Depois desse primeiro jantar romântico a sós, os dois homens acabam por dormir juntos. Na casa de Fernando, a sua mulher espera longas horas por ele e à sua chegada ela abraça-o, acabando os dois por fazer amor. Em off, ouvimos Fernando dizer 'tudo isto é uma farsa', enquanto recorda o seu amante, nu, sentado numa rocha em Monsanto. Este flashback indica-nos que a relação entre ambos já avançou no tempo e que os dois não tiveram apenas aquela noite juntos, depois do jantar, mas que são amantes há já algum tempo. Solidão Povoada parece querer marcar uma crescente discrepância entre um Portugal pré-revolução e uma mentalidade nova que se adivinha. Num encontro num antiquário, o protagonista e sua ex-namorada estão juntos às compras, como amigos, e o discurso dela é o da tolerância perante a sexualidade dele. Já Fernando permanece casado. Na sequência final do filme, vemos uma Lisboa cheia de gente anónima na rua, onde cada um dos quatro personagens caminha só, cruzando-se, eventualmente, sem se conhecerem (reconhecerem?). Quatro realidades que se cruzaram numa Lisboa em transformação. J. F.

Solidão Povoada, the first feature-length film by Óscar Alves, and the only melodrama in his brief directorial career, is a legitimate heir of the visual aesthetics of the Cinema Novo, whose main reference is Verdes Anos (1963), by Paulo Rocha. Set in Lisbon after the revolution of 25th April 1974, a city that aspires to be cosmopolitan, the film portrays two middleclass couples, played by Domingos Oliveira, Carla Tuly, Fernando Silva, and Isabel Wolmar. In the first scene, we are introduced to the relationship between the main character (whose name we will never learn), and Fernando. We are in the former's apartment in the Amoreiras area, and Fernando calls him from a phone booth. In the car, driving towards Monsanto, the protagonist recalls his break-up with former girlfriend (Carla Tuly), in a flashback where the two are seen, in a theatrical setting among the ruins of the Carmo convent, going their separate ways. In another flashback, he recalls how he met Fernando, on the day he visited the glass factory the latter manages with his wife (Isabel Wolmar), to place an order. The main character seems to have already accepted his homosexuality: before dining alone with Fernando for the first time, he takes leave of the transvestite (Belle Dominique), in the latter's dressing room. He tells her that he cannot attend her show, thus stating the end of a relationship that despite being 'necessary' had no future, since he actually despises the world she inhabits. After their first romantic dinner, the two men sleep together. At Fernando's, his wife awaits long into the night for his arrival, upon which she embraces him and the two make love. In a voiceover, we hear Fernando comment, 'All this is a farce', while remembering his male lover, naked, sitting on a rock in Monsanto. This flashback suggests that the relationship has progressed, and that the two did not just share the one night after the dinner; they have been lovers for a while. Solidão Povoada seems to aspire to signal the growing divergence between pre-revolutionary Portugal, and a new rising frame of mind. In a meeting at an antiquarian, the main character and his former girlfriend go shopping together, as friends, and her words express tolerance towards his sexuality. Fernando, on the other hand, remains in his marriage. In the final sequence, we see images of Lisbon, full of anonymous passers-by, while each of the four main characters walks alone; they eventually meet, but do not know (or recognise?) each other. Four realities that crossed in a Lisbon under transformation. J. F.

Sexta, 21 - 21:30
Cinema São Jorge - Sala 3
Programa de Curtas
Shorts' Program
No Pasa Nada - Temas Lésbicos (73 min)
Por um fio
Miguel Alves
Competição Curtas-Metragens Ficção
14 min. Portugal 2007 iCal Google Calendar
Uma mulher lava um lençol, vestida de preto. Os seus gestos são melancólicos e pausados. O seu olhar é sofrido. O lençol tem um bordado vermelho, feito pela sua falecida companheira. É por ela que ainda cumpre luto, é por ela que não consegue desligar-se do passado. Mas no momento em que pendura o lençol no estendal do prédio onde vive, este rebenta e conduz a mulher num regresso ao passado, onde reencontra momentos felizes com a companheira. No mesmo momento, dois vizinhos redescobrem-se a partir das suas janelas. O amor torna-se um fio de novelo vermelho, que ao mesmo tempo que revela o caminho para um futuro da protagonista, aproxima duas vidas no presente.

A woman cleanses a bedspread, dressed in black. Her gestures are paused and melancholic. Her gaze is heavy. The bedspread has a red embroidery, sewed by her deceased partner. It is for her she still mourns, it is for her she holds on to the past. But the moment she hangs the bedspread to dry outside the window of her apartment, it bursts out and drives her back to the past, recalling the happy moments spent with her partner. In the same instant, two neighbours rediscover each other through their windows. Love rekindles into a thread of red wool which enlightens the path of the woman's future at the same time it brings together two present lives.

Programas para maiores de 18 anos - Esta secção é meramente informativa, verifique eventuais alterações de programa junto da organização do festival.
Bilhete Normal - Sala 1 e Sala 3 - 3.00 EUR (2.00 EUR para membros de associações LGBT).
Sala 2 - Grais com levantamento prévio de bilhete.
 
Aberto
Filmes, Livros, Música

11º Festival de Cinema Gay e Lésbico de Lisboa

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