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Terça-feira, 27 Março 2012 07:45

PORTUGAL
Simpósio sobre transexualidade abala estruturas no Porto



Aconteceu no fim de semana passado o Simpósio Identidade de Género e Transexualidade na Aula Magna da Faculdade de Medicina do Centro Hospitalar de São João, no Porto.


( www.sites.google.com/site/simposiotransexualidade/home . )

Iniciou-se o simpósio com o antropólogo e ex-deputado Miguel Vale de Almeida que discursou sobre a lei de alteração de nome e sexo aprovada no ano passado. Terminou com um discurso patologizador quando se referiu ao futuro.

De seguida foi a vez de activistas trans falarem de seu juízo, numa mesa com um representante da Ordem dos Médicos, o Dr António dos Santos Pereira, que a terminar a sua intervenção referiu ir apresentar a proposta de acabar com a comissão na Ordem dos Médicos que revê os processos de transexualidade.

Júlia Pereira do Grit-Ilga reivindicou, entre outras coisas, a retirada dos processos da Ordem dos Médicos e a retirada do Capítulo VIII: Transexualidade e Disforia de Género do Código Deontológico da Ordem dos Médicos.

Eduarda Santos, do Grupo Transexual Portugal alinhou pela mesma linha, propondo também que a Ordem dos Médicos emitisse directrizes para a avaliação dos processos ser efectuada de acordo com os Standards Of Care da WPATH e a formação de uma comissão, com elementos da comunidade T para análise de avaliações em que as pessoas trans sintam que foram mal avaliadas, além da despatologização da transexualidade.

Luísa Reis, representante da UMAR, por sua vez, relembrou o seu historial como activista, com algumas gaffes, como o ter sido a primeira pessoa a apresentar uma proposta de lei de identidade de género (houve uma anterior, apresentada à ILGA, feita pela extinta At) e posicionou-se contra a despatologização, em contraste com a posição oficial da UMAR, referindo ter liberdade de opinião, mas que não faz sentido quando se fala em nome de uma associação e/ou grupo. Também reivindicou determinados tratamentos (voz e pilosidade facial) que não se encontram presentemente inseridos nos tratamentos.

Da parte do público, a Drª Graça Santos, também elemento da comissão da Ordem dos Médicos que analiza os processos, secundarizou a proposta de eliminação desse passo. Vários médicos, como o Dr Santinho Martins posicionaram-se contra a despatologização, enquanto outros tomaram uma posição contrária.

Na mesa segunte foram apresentados estudos de investigação feitos em Portugal por médicos, psicólogos, juristas e psicólogos que, devido ao pouco tempo disponível, não puderam ser devidamente apresentados.

Da parte da tarde, falaram Mi Guerreiro, Laetitia e Filipe Fialho, que demonstraram a existência de pessoas que não se inserem no binómio masculino/feminino e trans/cissexuais.

Seguiu-se uma mesa com psiquiatras e psicólogos que explanaram o modo como são feitos os processos nos respectivos hospitais. Notou-se a ausência de representantes do Hospital de Santa Maria.

Seguiu-se a mesa com endocrinologistas que falaram das experiências vivenciadas em cada hospital.

A última mesa foi a dos cirurgiões. Unicamente com equipas de Coimbra e de São João e moderada pelo urologista Nuno Monteiro Pereira, que acusou o Dr João Décio Ferreira pelo facto de não existirem mais equipas para estas cirurgias ao recusar a partilha do seu conhecimento e experiência.

A equipa de São João afirmou que estas cirurgias não eram tão complicadas como o Dr Décio queria fazer parecer e que qualquer cirurgião as consegue realizar. Diminuíram a importância destas cirurgias em comparação com outras mais visíveis como o aumento da faringe, depilação das sobrancelhas (???) ou cirurgias aos joelhos. Referiam que não fazem mamoplastias por proibição da administração.

De Coimbra só se falou que “cada caso é um caso” e que não publicitavam o que faziam, nem quantas cirurgias realizavam, perante a indignação, justíssima diga-se, de activistas e transexuais presentes.

Eduarda Santos refere que não se fazem cirurgias com técnicas diferentes para cada caso “faz-se uma técnica específica para todos os casos, não uma para cada caso” e que “as pessoas transexuais têm o direito que a informação seja disponibilizada, é um direito geral” e que “não se justifica forçarem uma pessoa a ir gastar dinheiro e tempo e a perca de um dia de trabalho para uma deslocação a Coimbra somente para se receber informação facilmente disponibilizada nos nossos dias via internet.

“O Grupo Transexual Portugal enviou um email a Coimbra com questões consideradas pertinentes, ao qual não obteve resposta. Este silêncio indicia que as cirurgias realizadas em Coimbra não têm os resultados satisfatórios que se obtinham em Santa Maria com o Dr Décio, e as conversas com pessoas que foram intervencionadas em Coimbra confirmam um clima de insatisfação. O uso de técnicas retrógradas que podem funcionar na Sérvia e serem um avanço lá, aqui em Portugal representam um retrocesso na qualidade.”, afirmou Lara Crespo, também do Grupo Transexual Portugal.

“Enquanto a informação não for disponibilizada e os níveis de qualidade repostos, o que se devia fazer era um boicote às cirurgias em Coimbra”, finalizou Eduarda Santos.

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