Leo Waddell, que vive como rapaz desde os cinco anos de idade tenta cortar os efeitos da puberdade com bloqueadores hormonais até aos 16 anos, altura em que tenciona iniciar a toma de testosterona e eventualmente procurar submeter-se a cirurgia de correcção de sexo aos 18 anos.

No popular talkshow britânico "This Morning," o apresentador Phillip Schofield leu uma declaração do médico de família de Waddell's relacionada com a sua negação de prescrever ao jovem bloqueadores hormonais.

«Não tenho qualquer experiência prévia em administrar este tipo de medicação específica a crianças. Já procurei aconselhamento especializado na minha direcção clínica. Qualquer decisão clínica que faça terá sempre em consideração todos os aspectos do bem-estar do paciente. A minha prioridade é sempre tomada em relação ao bem-estar do paciente.»

Waddell apareceu inicialmente no programa em Junho revelando a sua identidade de género e declarando "Matar-me-ei se tiver que permanecer rapariga."

A mãe, Hayley, apareceu junto com o seu filho no programa e apoia totalmente o seu desejo de iniciar tratamentos e a transição. "O que muita gente não compreende é que eu sinto que é muito mais perigoso para o Leo não tomar estes bloqueadores hormonais," afirmou. "As coisas porque tem de passar, as emoções e o tormento estão lentamente a deitá-lo abaixo."

Com a temática transexual/transgénero a vir à ribalta com os casos de Chelsea Manning e da actriz Laverne Cox estrelando na série "Orange Is The New Black,", cada vez mais crianças trans e seus pais têm ganho uma maior visibilidade. Notavelmente, Ashton Lee, de 16 anos, esteve na frente da luta da “lei trans sobre wcs da California (California's transgender bathroom bill) que foi aprovada no mês passado, alterando o sistema público estatal escolar para todas as pessoas trans.

Waddell e a sua mãe vão continuar a procurar por um médico que prescreva o tratamento médico de bloqueadores hormonais até que o jovem consiga parar os efeitos da puberdade.

"Tudo o que podemos fazer é procurar em todos os lados e encontrar alguém que seja compreensivo com as crianças trans e esteja disposto a receitar," afirmou a mãe, Hayley.

Em Portugal, com restrições desactualizadas relacionadas com a idade legal para se iniciarem os processos de transição e devido em grande parte a um conservadorismo exacerbado e, em certos casos, a uma transfobia interiorizada, não se conhecem casos em que este tratamento tenha sido utilizado, com as óbvias consequências negativas para as pessoas trans, forçando-as a posteriores tratamentos/cirurgias que poderiam facilmente ser evitados, diminuindo mesmo os custos finais, tanto para o estado como para os indivíduos.