saberei um dia
escrever poesia
cantar um canto
afagar um pranto
consolando um aflito
saberei?
Saberei um dia
Viver com os pés na terra
Tornar-me cético de coisas
Sentidas
Saberei?
Saberei um dia
Andar como o povo
Com os olhos no chão
E mesmo assim contente
Por ter me transformado
Num idiota a mais
Saberei?
Saberei um dia envelhecer
Sozinho,
Pois na essência
A sós permanecemos
Saberei?
Saberei um dia morrer sem aflição
Digno, suportando
O esquecimento
A minha não vida
Saberei
Fev 95
Manuel Francisco Moura
manoelfmoura@uol.com.br