O spot tem dado à marca o epíteto de "escandalosamente transfóbica".
O spot de televisão retrata uma Drag Queen e uma mulher loira de pé lado a lado num WC público colocando gloss labial e rímel, e a ajustar os seus soutiens como se fosse uma competição. A mulher loira retira o seu tampão Libra, deixando a Drag Queen a abandonar o WC de forma tempestuosa.
O anúncio, que termina com o slogan "Libra agarra jovens" (Libra gets girls), tem enfrentado uma tempestade de críticas, com dezenas de pessoas a postarem comentários ásperos na página do Facebook da empresa.
Um dos posts replica "Eu não sei o que é mais repugnante, a transfobia flagrante ou a implicação de que o período é o que define a feminilidade de uma mulher."
Outro apontou para o slogan "get girls", "Então, as mulheres que já passaram pela menopausa ou que tenham feito histerectomias, a Libra não conseguiu "obter essas meninas? Ter uma campanha publicitária onde uma mulher chicoteia o seu produto de higiéne feminina na cara de alguém que não tem um ciclo menstrual, portanto, tornando-a um vencedora, talvez seja de mau gosto."
Um punhado de adeptos, todos homens, defendeu o anúncio, dizendo que as críticas eram o politicamente correto exagerado.
Mas as críticas femininas rebateram, dizendo que o anúncio foi provavelmente escrito por homens que, obviamente, não menstruam, nem compram produtos Libra.
A SCA, que detém a marca de tampões Libra, após o novo spot ter sido rotulado de "escandalosamente transfóbico" e provocado uma tempestade de reclamações em sites de media social, já pediu desculpas.
Num comunicado divulgado na terça-feira à noite, disse que a Libra lamenta qualquer ofensa implicada no comercial de televisão, nomeadamente a implicação de que as pessoas transexuais não são mulheres de verdade, por não menstruarem.
"Nunca houve a intenção de perturbar ou ofender ninguém. Uma investigação independente foi realizada e o spot foi visto como positivo durante esse teste", afirmaram no comunicado.
"A Libra leva todos os comentários muito a sério, e em resposta a isso, vamos rever imediatamente a nossa posição futura com esta campanha com base no feedback recebido.
Entretanto o spot foi retirado do ar.
"Não existem mais anúncios programados na Nova Zelândia."
A Drag Queen australiana que protagonizou o anúncio, Sandee Crack, emitiu entretanto uma declaração dizendo que ele está "emocionado" com o produto final e espera que vá para o ar na Austrália.
Sandee identifica-se como um homem gay que se veste de mulher como performer, e que nunca se considerou transgénero.
"Eu nunca me considerei transgénero e nunca o vou fazer. Quando eu fui contactado para o comercial Libra vi isso como uma grande oportunidade de participar num passo positivo no sentido da aceitação das Drag Queens e homens gay por toda a comunidade", disse ele.
"Acredito fortemente que, colocando uma Drag Queen nos media, é um passo para a aceitação e isso é algo que eu tenho muito orgulho em fazer parte."
Sandee afirma que é lamentável que uma pequena parcela da comunidade trans ter optado por ver o anúncio como um ataque pessoal à sua luta para serem vistos como mulheres iguais dentro da sociedade.
"Esta é uma luta que também sinto fortemente e espero ajudar a educar a comunidade. No entanto, sinto-me mal que ao representar a mim mesmo como uma Drag Queen na televisão e actuando num cenário que é um lugar-comum na minha vida tenha levado a uma "Dragfobia" clara entre alguns indivíduos transexuais que queiram eliminar algo que reflecte a honestidade e verdade sobre a vida de uma Drag Queen. A Drag Queen é um homem com roupas de mulher e se isso ofende uma mulher trans lamento. Eu não posso pedir desculpas, pois fazendo isso estarei a pedir desculpas por ser eu. "
O facto é que nada no spot indica que se trata não de uma mulher transexual mas de uma Drag Queen, e as implicações do spot na luta pela aceitação das mulheres transexuais é muito negativa.