De uma forma talvez inédita no México (mas não a nível mundial, como se sabe), foi encontrado no Sábado o corpo de uma mulher transexual, na zona de Chihuahua, decapitado com o corpo e a cabeça encontrados a um quilómetro de distância um do outro.
Segundo as notícias, a descoberta deu-se pelas seis horas da manhã, na zona sul da cidade. Foi então encontrada a cabeça de uma mulher transexual, com sinais de ter sido decapitada ainda em vida, pois apresentava os olhos abertos e uma expressão de terror.
Sensivelmente a um quilómetro de distância foi posteriormente encontrado o restante corpo, vestido com uma blusa feminina preta, jeans e ténis brancos.
O corpo foi entregue ao Servicio Médico Forense para ser autopsiado. A investigação encontra-se a cargo da Unidad Especializada en Delitos Contra la Vida, que até ao momento não foi sequer capaz de identificar a vítima.
Este é o segundo ataque conhecido contra mulheres transexuais no espaço de um mês. Anteriormente uma jovem de nome Carola foi esfaqueada no ventre por um desconhecido.
Nos media continua-se a confundir conceitos e a menosprezar a comunidade transexual. Título da notícia no jornal El Heraldo de Chihuahua: Encuentran homosexual decapitado en Chihuahua.
Noutro registo de violência e discriminação contra as pessoas transexuais, dez homens agrediram Marlene no cabeleireiro onde trabalhava há dez anos.
Segundo informou à polícia, "um jovem que tinha ido umas cinco vezes cortar o cabelo tentou aliciar a colega de Marlene, também transexual, a comprar-lhe uma motocicleta, prometendo-lhe aceder a todas as fantasias sexuais que ela desejasse". Como a colega se negasse, este iniciou uma série de ameaças via telemóvel que "armaria um escândalo" e as acusaria de "abuso de menores".
Ambas foram ao ministério público apresentar uma queixa, embora nunca imaginassem "que se cumpririam as ameaças".
Na passada quarta-feira encontrava-se só Marlene no estabelecimento quando, por volta das 16h 30m irromperam mais de dez homens, agredindo-a enquanto lhe gritavam impropérios como "paneleiro" e "abusador de menores". Roubaram-lhe também as ferramentas de trabalho e a sua documentação pessoal oficial.
A polícia conseguiu apanhar dois dos agressores, o jovem mencionado anteriormente cliente do cabeleireiro e um outro. No entanto as ameaças de as acusarem de abuso de menores continuam. "Por sermos transexuais estamos propensas a este tipo de situações, pois ao menor de idade, por o ser, poderá ter maior credibilidade que nós, as agredidas".
Marlene, sem documentos, teve de parar de trabalhar, e o cabeleireiro encontra-se encerrado desde essa tarde.
Rocio Suàrez, activista transexual da Travestis México, assinalou a respeito deste caso, que é necessário sublinhar que houve discriminação durante a agressão e entender-se que Marlene foi agredida por ser transexual.