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Quarta-feira, 31 Março 2021 14:33

PORTUGAL
O Transformismo português vai a Cannes



PortugalGay.pt

Depois de “A Fábrica” Diogo Barbosa apresenta agora “A Minha Vez”, uma segunda experiência, que o leva pela segunda vez a Cannes.

PORTUGAL: O Transformismo português vai a Cannes

A curta-metragem “A Minha Vez” venceu 9 das 13 categorias na edição de 2020 de “48 Hour Project Castelo Branco”, entre as categorias vencedoras destacamos o de melhor interpretação atribuído a Alberto Teixeira no papel de um pai e marido que vive uma segunda vida ás escondidas da família, escondido nos palcos, escondido atrás de pinturas e perucas.

Procuramos Alberto e também Wanda Morelly a quem dirigimos algumas questões que que amavelmente nos retribui respostas bem genuínas.

Como recebeste o convite?

Desde já agradeço o convite para falar um pouco da "A Minha Vez" e da Wanda.

O convite surge depois de uma longa conversa com o produtor Diogo Barbosa, onde ele procurava pôr em filme toda uma história onde no seio de um casal hétero, o marido exerce a profissão de drag queen/transformista.

Depois de ter dado vários contatos de algumas drags, o Diogo tem algumas conversas em jeito de entrevistas, até que vê uma publicação minha onde faço a Proféssion Artiste, dando-lhe o mote para mudar algumas coisas do guião da curta-metragem que inicialmente iria se chamar "Não Me Vês", dai o título do fado.

Depois de alguns meses, o Diogo entra em contato comigo e faz-me o convite para ser o ator principal da curta-metragem, estendendo o convite a Elektra Ashford, Kara Kills e Pedro Rocha para participarem na curta, e aqui começa a odisseia.

O que ele representa para ti?

De todo que não tinha ideia de que esta curta chegasse onde chegou e, com os prémios recebidos (11 no total, 3 deles dirigidos a minha personagem: Melhor Maquilhagem, Melhor Interpretação e Melhor Ator), com tudo isto, sinto o reconhecimento a vários níveis, de 43 anos de transformismo.

Há diferença entre o palco, e pistas de uma objetiva profissional? Uma vez que hoje em dia existem N camaras?

Há sempre diferenças! No palco e nas pistas tens reação imediata, até porque estás a trabalhar para um público e podes sempre dar a volta se este não estiver a reagir da melhor forma, também sempre podes voltar atrás quando estás a gravar para uma objetiva, mas a reação vem depois e nunca se sabe se será boa ou má, e aqui não podes dar a volta. Felizmente que esta está a ser muito boa; quanto às outras câmaras e telemóveis, esses ficam para... mais tarde recordar.

O que esperas que sejam as repercussões desta tua participação?

Tenho tido alguma visibilidade no circuito gay. Tal como o PortugalGay outras entidades querem conhecer melhor a Wanda Morelly

Tudo que vier será sempre bem-vindo, mesmo a indiferença, a inveja e até mesmo o veneno das inimigas será sempre bem recebido.

De que nos fala a curta?

Penso que a sinopse responde por mim: A minha vez» mostra a história de uma vida dupla, dividida entre o amor à família e o amor à arte. A escolha entre a vivência da vergonha e do tabu, e entre o afago e o aplauso do público. Que sacrifícios fará um pai de família para concretizar os seus sonhos? Que impacto terão esses mesmos sonhos na sua vida pessoal? Uma curta que explora os segredos da natureza humana, os preconceitos e, sobretudo, o amor à arte.

Quem é a Wanda Morelly em toda a sua dimensão?

Uma profissional com 43 anos de entretenimento, muito exigente, muito cuidadosa com a sua imagem, respeitadora e muito agradecida ao público pelo carinho e ânimo para que a Wanda nunca desista. Amada por uns, odiada por outros - amada por aqueles que sabem o que é empenho e dedicação, odiada por aqueles que são canastrões.

O que pretende a Wanda transmitir nos seus espetáculos de transformismo?

Muita diversão, alegria, mostrar que o tal diferente também é um ator e sabe fazer divertir uma plateia.

Aproveito para quebrar preconceitos, desafiar mentes retrógradas, e dar a conhecer que ser diferente afinal é igual a todo o ser humano, só muda o gosto sexual.

Estamos na pandemia e o assunto não podia deixar de estar presente, como vive ou sobrevive um artista transformista nestes tempos?

Muito mal.

Sinto a falta do publico, dos aplausos, da vida ativa, o preparar os shows, toda uma rotina que esta arte envolve.

Tenho vivido sem grandes dificuldades até hoje, até porque por ter outra profissão, nada me tem faltado, conto com ajuda da minha mãe que está sempre a meu lado para os piores momentos, felizmente ainda não passei por nenhum episódio menos agradável graças a deus.

Que mensagem gostarias de deixar?

A Wandinha diz: lutem, lutem e lutem! Esta arte não é nada fácil.

Obrigado, PortugalGay.

E agora...

“A Minha Vez” vai agora representar Portugal em Cannes, em julho próximo, na categoria de “Short Filme Corner”, depois de ter participado no festival de cinema Filmapalooza 2021, em Washington, onde enfrentou outras 134 curtas metragens de todo o mundo obtendo o prémio de melhora canção. E assim Diogo Barbosa constrói um caminho pelo prestígio do cinema português a nível internacional.

A curta-metragem de 8 minutos está disponível na íntegra online aqui.

PORTUGAL: O Transformismo português vai a Cannes

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