O ministro da Proteção Social da Irlanda, Leo Varadkar, afirmou-se publicamente como gay em 2015 e é agora um dos principais favoritos para ser o próximo Primeiro Ministro. Esta eleição seria impensável há alguns anos atrás neste país de fortes tradições católicas.
Depois de Enda Kenny ter desistido do cargo a 17 de Maio, iniciou-se o processo de selecção do novo líder que, segundo as regras da Constituição, é feita dentro de um colégio eleitoral e a votação será conhecida no próximo dia 2 de Junho.
E neste momento Varadkar é o favorito com um apoio expresso de membros do colégio eleitoral muito superior ao outro candidato. Se esta situação se confirmar Varadkar será a pessoa mais jovem a ocupar o cargo.
E a situação de o atual ministro ser gay e viver com o seu companheiro é algo que é referido com toda a naturalidade nos mídia mostra como está a mudar este país que é visto como um dos mais conservadores a nível de costumes. A homossexualidade foi descriminalizada apenas em 1993, o divórcio só foi permitido em 1995, e a igualdade no casamento só foi possível após um referendo em 2015, a primeira vez no mundo que tal aconteceu e que deu um sinal não só da distanciação entre as forças políticas e a vontade popular, como também de uma diminuição do controlo por parte da igreja muito por circunstância dos diversos escândalos de abusos sexuais que vieram a público.
E sinal das mudanças dos tempos, as origens do próprio político também mostram a força da mudança: ele é filho de um médico que emigrou da Índia. E a opinião popular é positiva, como explica Brendan Griffin, membro da assembleia eleito pelo condado tradicionalmente conservador de Kerry:
Eu estava com um grupo de amigos no fim de semana e o primeiro comentário foi 'Imaginem termos um Taoiseach [Primeiro Ministro Irlandês] nos trintas'. O segundo comentário foi 'e um filho de um imigrante' e foi então que alguém acrescentou 'e gay, também'. As pessoas ficam espantadas com a rapidez com que o país avançou Brendan Griffin