Segundo Diana Fleischman, psicóloga evolucionária, “o comportamento sexual, de uma perspetiva evolucionária, tende a ser encarado como um meio para a reprodução. No entanto, como o comportamento sexual é algo íntimo e prazeroso, é também usado em muitas espécies, incluindo em primatas, como uma forma de criar e manter laços sociais. Vemos isto nos casais românticos que formam ligações através do ato sexual mesmo quanto a reprodução não era possível.”
No estudo foi pedido a 92 mulheres para dizerem o grau de concordância com afirmações como “A ideia de beijar alguém do mesmo sexo excita-me sexualmente.” Ou “Se alguém do mesmo sexo se fizesse a mim eu sentir-me-ia enojada.”
Depois os investigadores mediram o nível de progesterona (hormona que está ligada ao estabelecimento de laços sociais) na saliva das mulheres. O que encontraram foi que mulheres com níveis mais elevados de progesterona estavam mais disponíveis para terem atos homossexuais. A teoria dos investigadores afirma que a progesterona leva a que as pessoas queiram estabelecer laços, e como a atividade sexual é uma das formas de o fazer, então o comportamento é encorajado, seja homo ou heterossexual.
Noutra experiência, 59 homens fizerem jogos de completar palavras, divididos em três categorias: amizade, sexo ou neutro. Os investigadores descobriram que os homens que completaram os jogos da categoria amizade estavam mais abertos à ideia de ter relações homossexuais do que os homens dos outros dois grupos. Ou seja, os homens que eram levados a pensar em criar laços estavam mais dispostos a ter comportamentos quer heterossexuais quer homossexuais.
Segundo Fleischman, “é muito complexo, mas é óbvio que há uma escala contínua entre afeto e sexualidade, e a capacidade de se envolver em relações sexuais com alguém do mesmo ou de sexo diferente é comum. Nos humanos, muito, se não a maioria do comportamento sexual entre pessoas do mesmo sexo ocorre entre pessoas que não se identificam como homossexuais.” A investigadora adianta que o estudo pretende continuar, analisando outros contextos e influência hormonais que possam aumentar a motivação homoerótica.
A teoria é intrigante, mas Dr Gerard Conway, professor de endocrinologia reprodutiva na University College em Londres, afirma que o estudo, apesar de ser uma teoria plausível de como o comportamento homossexual terá benefícios a nível social, está muito longe de conseguir provar causa e efeito.
O artigo original foi publicado no dia 25 de novembro no Archives of Sexual Behaviour.