Imagens pouco excitantes, mas poderosamente simbólicas: a lápide contém os dez mandamentos e é o centro de uma batalha judiciária e filosófica que se arrasta na América há quase dois meses. A luta pela sua remoção apaixona activistas dos direitos civis e cristão fundamentalistas. O juíz-presidente do supremo tribunal do Alabama (Sul dos EUA), Roy Moore, decidiu que à porta do seu tribunal deviam estar os dez mandamentos. Um grupo de advogados no Alabama considerou que a lápide de 2.5 toneladas, exibida num espaço público, viola a Constituição americana. Vários tribunais federais concordaram. Foram propostas soluções de compromisso - retirar a lápide para um gabinete privado ou um espaço mais discreto do tribunal. Os compromissos não interessavam contudo a Moore, para quem o monumento se tornou num símbolo do debate da separação entre Estado e Igreja. Moore - que entretanto foi suspenso por desobedecer a instâncias superiores - recebeu o apoio de muitos cristãos conservadores. Alguns deles viajaram para Montgomery, capital do Alabama, para fazer vigílias à volta do monumento. "Vim aqui para mostrar que Deus não pode ser escondido", disse um dos manifestantes à CNN. Os defensores dos direitos civis dizem que o monumento viola a separação entre estado e igreja. Embora referências ao divino estejam imersas na vida americana (as notas de dólar têm a inscrição "in god we trust"; os textos da Declaração de Independência e da Constituição remetem para Deus), nenhuma religião pode ser apoiada directamente. Disparate, respondem os cristãos. A lei americana é fundada com base na tradição judaico-cristã; além disso, argumentam, a Constituição não diz que a religião deve estar ausente do estado, mas o contrário - que o estado deve ficar fora da religião.
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