Sobre o tema "10 anos, 10 dias de direitos sexuais" a Associação Não Te Prives (NTP) realizou um conjunto de iniciativas entre leituras, palestras, exposições e distribuições de materais celebrando desta forma dez anos de vida. O PortugalGay.pt falou com os seus associados e ficamos a conhecer melhor esta associação.
Porquê Coimbra?
A descrição foi unânime, Coimbra antes, como hoje, precisava de ter alguém, ou uma entidade que tornasse audível palavras como feminismo e homossexualidade. Cristina Santos, fundadora e a actual presidente da direcção diz: "sentimos necessidade de fazer alguma coisa numa cidade em que 'feminismo' e 'LGBT' eram palavras esquecidas, silenciadas, inexistentes". Cristina recorda que à altura discutia-se na sociedade a despenalização do aborto e por isso "era fundamental tratar em simultâneo da opressão das mulheres, em especial em matéria reprodutiva".
Uma associação local?
Paulo Vieira e Cristina Santos explicam: "A NTP é uma associação que nasceu em Coimbra visando intervir em Coimbra, porque era nesta cidade que faltava 'partir pedra' e dotar de visibilidade o que estava até então no armário, no pior sentido do termo". Mas Paulo Jorge Vieira, sócio fundador, é claro a indicar que "isso não nos impede de promover acções fora da cidade, nomeadamente em acções conjuntas com outras organizações congéneres."
Momento alto em 10 anos
Magda Alves, Jorge Vieira e Cristina Santos convergem num acontecimento: a Campanha "Fazer Ondas" com a vinda do popularmente denominado "barco do aborto" - Women on Waves. E Cristina Santos acrescente ainda a vitoria da NTP em conjunto com a Women on Waves e o Clube Safo (associação de mulheres lésbicas), quando em 2009 se deu "a sentença do Tribunal Europeu dos Direitos
Humanos condenou o Estado português por ter impedido a entrada do chamado 'barco do aborto' em 2004".
Magda Alves, sócia da NTP, detalha a situação: "em primeiro lugar foi concertado com outras associações, a saber: a Acção Jovem para a a Paz (AJP), o Clube Safo e a UMAR" mas adianta que a iniciativa permitiu "envolver várias pessoas, novas no activismo, e de capacitá-las. Para mim aliás foi um dos meus primeiros grandes momentos de activismo que em muito contribuiu para a minha formação e a minha consciência feminista".
Cristina diz que "Ainda hoje temos membros cujo ativismo começou por causa da Campanha Fazer Ondas". E diz também que a associação começou com cerca de uma dezena de sócios, e hoje contam com uma centena, que já não está apenas sitiada em Coimbra mas um pouco por todo o país e estrangeiro.
Agenda
Na agenda da NTP consta já o dia 17 de Maio, altura em que se realizará a 3ª Marcha contra a Homofobia e Transfobia de Coimbra, mas mais eventos se juntarão após a primeira assembleia geral da direcção eleita no passado mês de Janeiro. Palestras, seminários, tertúlias e debates estão no menú. Mas para estarem atentos a actual presidente da direcção convida todos e todas a seguirem as últimas novidades em www.naoteprives.org .
10 Anos de Passado, 10 Anos de Futuro
Cristina Santos diz-nos que os próximos dez anos serão de esperança e expectativa, no percorrer de um caminho ainda com muito por desbravar: "não só legislativo... mas sobretudo cultural", é preciso continuar a mudar mentalidades, e combater preconceitos sociais porque situações como o bullying não terminaram porque esta ou aquela lei foi conseguida ou alterada, e "é para isso que estaremos por cá nos próximos 10 anos" e por isso a NTP conta com o apoio de todas e todos.