É preciso dar um novo rumo aos esforços para inventar uma vacina, voltar ao nível da investigação básica sobre o vírus e sobre a doença, defendeu Anthony Fauci, director do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos. "Temos de virar a agulha na direcção da descoberta. Precisamos de novas ideias. Não há dúvida", disse Fauci, num encontro de cientistas e decisores políticos realizado esta semana nos EUA. O motivo próximo para convocar esta reunião é os resultados muito desencorajadores de uma vacina desenvolvida pela Merck e abandonada no Outono: em vez de proteger da infecção, parecia tornar as pessoas mais susceptíveis à invasão das suas células do sistema imunitário pelo HIV. Este resultado surpreendente - não se percebe ainda por que é que a vacina agrava a susceptibilidade ao vírus - levou os cientistas a reconhecer que depois de 25 anos de labor intensivo, ainda se compreende mal o vírus da sida. "Apesar de se terem gasto muitas centenas de milhões de dólares, a realidade é que, em 2008, uma vacina contra a sida está ainda fora do nosso alcance", disse Warner Greene, professor de Medicina na Universidade da Califórnia em São Francisco, citado pela Reuters. Por isso é que Fauci avançou com a ideia de alterar a forma como é distribuído o orçamento do seu instituto dedicado à sida. Até agora, um terço do orçamento de 1500 milhões de dólares tem sido dedicado à busca de uma vacina. Mas o mais certo seria dedicá-lo à investigação básica - tentar compreender como funciona o HIV e como domina as células imunitárias, em vez de tentar dar o passo mais longínquo de desenvolver uma vacina sem compreender realmente o HIV.
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