"Pedimos que nos deixem viver juntos. Estou doente do coração e preciso do meu parceiro perto de mim", afirmou "Y", que trabalha no sector da informática, ao diário Yediot Aharonot. Ao mesmo jornal "X" revelava que o Shin Bet (serviços secretos internos) o "interrogaram antes de me trazerem para Israel. Compreenderam que a minha única vontade é viver com o meu noivo."
A decisão, pouco usual, das autoridades israelitas aconteceu após "X" - cansado de esperar pela resposta ao pedido formalizado há cinco anos ao Ministério do Interior - ter escrito ao general Yosef Mishlav, coordenador militar israelita da Cisjordânia e Faixa de Gaza. Nessa carta era pedida uma autorização especial e temporária para residir em Telavive até que o Ministério do Interior tome uma decisão definitiva.
Na carta, "X" afirmava correr perigo de vida: a sua família, desde que soubera da sua homossexualidade e da nacionalidade do parceiro, perseguia-o e ameaçava-o de morte.
O comandante Peter Lerner, porta-voz da Administração militar encarregada das questões civis palestinianas, confirmou à AFP que fora dada a autorização temporária de residência a "X" porque o "seu advogado explicou que ele estava em perigo em consequência da sua orientação sexual". Lerner sublinhou que a autorização "É excepcional e tem de ser renovada todos os meses."
"X" corria, de facto perigo de vida: a homossexualidade é ainda tabu na sociedade palestininana e, mais grave, o seu parceiro é um israelita. Este aspecto poderia levar a uma acusação de colaboracionismo - o que , na maior parte dos casos, resulta em execução sumária.
Mantida secreta continua a identidade dos dois actores desta história e a forma como se conheceram, afastada não está a hipótese de que tenha acontecido quando "Y" integrou alguma missão militar em Jenine.
Entretanto, "X" continua a aguardar autorização de residência permanente, algo que o Ministério do Interior israelita raramente concede aos palestinianos de Gaza e da Cisjordânia que querem viver em Israel.