A situação nacional é desconhecida mas será igualmente preocupante. A Comissão Nacional de Luta Contra a Sida (CNLCS) quer resolver o problema através de centros hospitalares, onde, além de medicamentos contra o HIV, os doentes possam fazer o tratamento de doenças como a tuberculose e receber apoio psicológico. Ao longo do próximo ano deverão começar a surgir em várias unidades centros de tratamento combinado de sida, tuberculose ou metadona nos hospitais, que englobarão apoio psicológico. "É preciso garantir aos doentes uma melhor adesão aos tratamentos e facilitando o seu apoio e acompanhamento", afirmou ontem o encarregado de missão da CNLCS, António Meliço Silvestre, no IV Workshop de Infecção HIV - "Integração sem fronteiras", que hoje termina no Estoril. Em Janeiro ou Fevereiro do próximo ano deverão arrancar também dois projectos-piloto que reproduzem este modelo mas em meio prisional: numa cadeia feminina e numa masculina. A CNLCS quer também intensificar o papel dos centros de saúde no acompanhamento e detecção de novos casos de infecção. "Queremos articular a luta contra a sida com os médicos de família, fazendo com que nos centros de saúde haja clínicos mais vocacionados para o HIV e que façam também a notificação de novos casos", adiantou Meliço Silvestre. Em causa estão os problemas de má adesão dos doentes ao tratamento, responsável pela resistência aos medicamentos de combate ao HIV. Apesar de já haver tratamentos com uma dose de três comprimidos por dia, estes ainda têm como efeitos secundários náuseas, vómitos, perturbações do sono ou problemas hepáticos. Apoio a doentes continua por financiar: Muitos dos projectos de apoio social a doentes ou infectados com sida previstos para 2003 continuam sem ser aprovados pelo Ministério da Saúde. Ontem, o ministro Luís Filipe Pereira, que abriu oficialmente o congresso da CNLCS, viu o seu discurso interrompido por um "ataque" de apitos. Três membros da Associação Positivo, de apito na boca, empunharam cartazes perguntando ao ministro quando serão desbloqueadas às organizações não governamentais as verbas previstas para 2003. O ministro Luís Filipe Pereira hesitou uns segundos mas continuou a discursar com o barulho de fundo. Em causa estão três projectos daquela associação apresentados para aprovação à CNLCS, no final de 2002. "Um foi aprovado a meio deste ano, outro na semana passada e há outro ainda que continua sem resposta. Não podemos ter as pessoas a trabalhar sem saber se vamos ou não receber os financiamentos", diz Amílcar Soares, da Associação Positivo. Situação semelhante vive a associação Abraço. "Dos 11 ou 12 projectos que apresentámos só tivemos resposta sobre o financiamento de três deles, um dos quais foi rejeitado", explica Pedro Silvério Marques. "Entre os projectos está o boletim informativo da Abraço. Se não gostam dele podem não o aprovar. Mas não podem é deixar as organizações sem resposta durante 11 meses." Em resposta às críticas, Meliço Silvestre lembra que foi apenas empossado em Setembro mas que a forma como os projectos vão ser apreciados vai mudar. "Há propostas de financiamento que entraram a meio do ano e que ainda estão a ser apreciadas e isto não pode acontecer. Vamos criar um período-limite de entrega destes projectos e melhorar a forma como a sua apreciação é feita."
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