Esqueçamo-nos da segunda sessão das curtas "In my shorts", sem qualquer interesse, houve dois filmes bons.
Garçon Chiffon
O último dos filmes candidatos à melhor longa metragem e que foi "Garçon Chiffon" do realizador francês Nicolas Maury e que também interpretou excelentemente o papel de protagonista, um actor gay que sofre de ciúmes doentios e que para serenar as suas angústias, sai de Paris e vai para junto de sua mãe, a fabulosa Nathalie Baye.
É um filme com laivos de comédia, mas muito interessante apenas com o pequeno defeito de ser algo lamechas.
Miguel's War
Mas a grande surpresa do dia veio da secção dos Documentários, que eu desprezo sempre um bocado, e dos deste ano, apenas já conhecia "Silent Voice", e escolhi, a dedo um filme que me pareceu com interesse, e acertei em cheio.
Se este "Miguel's War" não receber amanhã o prémio de melhor documentário do festival, das duas uma, ou eu tenho mesmo alguma coisa contra as escolhas dos júris, ou então falhei e não vi mais seis documentários que terão que ser excecionais para ser um deles o vencedor, já que o filme que vi hoje é uma obra-prima.
É um filme da realizadora Eliane Raheb, numa co-produção entre o Líbano, a Alemanha e a Espanha que nos mostra toda a complexa vida de Miguel, cuja mãe autoritária é síria, e o pai, católico e conservador é libanês.
Desde adolescente que Miguel tem uma vida complicada em diversos campos - familiar, sexual e político - e procura constantemente a sua identidade.
O filme é uma longa dissecação da realizadora numa aturada descoberta da vida e das angústias de Miguel, ao longo de três anos, tanto nos tempos em que ele fez a guerra, como depois de ter vindo para Espanha.
O papel de Miguel é interpretado pelo próprio Miguel Jleilaty, absolutamente fantástico, em qualquer registo.
É um trabalho notável digno de ser visto e aclamado.
Destaque Queer Lisboa para hoje: F**k You F*ggot F**ker
Chris McKim
Documentário : 105' / Gay, Arte e Artistas, Activismo, Política, VIH-sida
Um admirável retrato autobiográfico do artista, escritor, fotógrafo e ativista nova-iorquino David Wojnarowicz. Num período em que Nova Iorque se torna no epicentro da epidemia da sida nos anos 80, Wojnarowicz empunha a sua arte como uma arma, declarando guerra à indiferença institucional perante a epidemia, até à sua morte em 1992, com 37 anos. O documentário dá-nos acesso à sua brilhante obra, onde se incluem pinturas, diários e filmes, que nos revelam a forma como o artista esvaziou a sua vida na sua arte e ativismo. As gravações telefónicas e depoimentos íntimos de figuras como Fran Lebowitz, Gracie Mansion, Peter Hujar e outros familiares e amigos, ajudam a traçar um retrato aguçado de um artista cujo trabalho e palavras ainda ressoam nestes tempos turbulentos.
25 de Setembro | 18h00 | Cinema São Jorge - Sala 2