Num documento, de Maio de 2001, a Congregação para a Doutrina da Fé, de que Ratzinger foi o prefeito, indica que a Igreja tem o direito de exigir que em casos de alegados abusos sexuais por padres os inquéritos sejam feitos à porta fechada. A Igreja deve também exigir que as provas sejam mantidas confidenciais durante dez anos, até as vítimas chegarem à idade adulta, acrescenta a carta assinada por Ratzinger.
Os advogados de duas alegadas vítimas de abusos sexuais, no Texas, reclamam que estas indicações servem para prevenir que os casos cheguem a público ou que sejam investigados pela polícia. Por isso, acusam Ratzinger de estar "claramente a obstruir a justiça".
O texto diz ainda que a Igreja deve reivindicar a alçada desses casos. As investigações preliminares devem ser enviadas para a Santa Sé, a quem cabe julgá-los em tribunais privados onde as funções de juiz, promotor e representantes legais são atribuídas a padres, defende o documento.
"Casos destes devem ser sujeitos a segredo pontifício", conclui a carta assinada pelo cardeal alemão, a que o jornal The Observer teve acesso. A quebra de segredo, durante dez anos, pode ser sujeita a vários castigos, inclusive a excomunhão. O Vaticano não comenta.