Começou a tocar de ouvido e impressionou a primeira professora de música quando, depois desta lhe tocar uma peça de Haendel, o jovem estudante, então com 11 anos, a reproduziu de memória, ao piano. Aos 15 anos ganhou os primeiros trocos ao tocar num bar... Aos 19 formou uma primeira banda. Mas só aos 20 encontrou um nome. Homenageando dois mestres dos blues - Elton Dean e Long John Baldry - Reginald Dwight passou a apresentar-se como Elton John. Hoje, ao completar 60 anos, o homem a quem chamamos Elton celebra uma vida de invulgar sucesso com um concerto no Madison Square Garden, em Nova Iorque e, amanhã, com a edição de uma nova antologia de êxitos. Mas é Reginald Dwight quem pode agradecer a invulgar aposta dos pais.
Com vida pública desde 1964 e um primeiro sucesso firmado em 1970 com o single Your Song, Elton John é hoje reconhecido não só como um dos mais bem sucedidos cantores de todo o mundo (200 milhões de álbuns vendidos não deixam dúvidas), como é respeitado por ser um dos autores e intérpretes mais prolíficos e constantes da história da música popular. Porém, à capacidade de bem gerir uma escrita sóbria (talhada sob a consciência da existência de um público a servir), Elton John cedo juntou um evidente apetite pelo espectáculo. Os infindáveis pares de óculos, a enorme variedade de roupas de palco, o gosto pelo excesso, pela provocação, mesmo o escândalo, sublinharam pela imagem e pelas notícias uma carreira que nasceu, ao piano, com canções. E, na verdade, falar de Elton John apenas como alguém com sucesso na música é retrato incompleto. A personagem, de resto, ultrapassa o actor.
Elton John mora nos títulos dos jornais desde que, em 1970, começou a somar êxitos. As primeiras notícias falavam dos seus discos, das canções, dos concertos, da rara parceria que conseguiu encontrar com Bernie Taupin, o autor das suas letras. Mas rapidamente outros assuntos fizeram os cabeçalhos. Em 1976 afirmou ser bissexual. Chegou a casar em 1984, mas foi sol de pouca dura, saindo do armário, algum tempo depois, assumindo-se homossexual. Elton encontrou verdadeira relação estável mais tarde com David Furnish em 1993, e registaram a sua parceria civil em 21 de Dezembro de 2005. Não tem filhos, mas foi já padrinho dez vezes, entre os afilhados contando-se Sean Lennon e um dos filhos do casal Beckham.
Mais que a sua vida sexual, foi uma roda viva de dependências (álcool e drogas) que dele fez cara recorrente nos escândalos da década de 70. Sofreu de bulimia. Mas parece ter reencontrado a paz.
Gastador compulsivo, tem casas por todo o mundo (cinco, segundo contas recentes). A sua admiração pelo futebol fê-lo investir largas somas de dinheiro no Watford Football Club em meados da década de 70. Apesar de uma irregular relação com o clube de futebol, e de já não ser sócio maioritário, é, por designação, o seu presidente vitalício.
Aos 60 anos, com uma vida finalmente recatada, é dos seus feitos musicais que se volta a falar nesta época de comemoração. Não admira, por isso, que o cantor e compositor faça a festa, hoje, sentado ao piano. Do mesmo modo como foi a sua vida.
[Nota PG: esta notícia foi editada para incluir a parceria civil e não apenas união de facto como estava no artigo original]