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Domingo, 24 Novembro 2019 15:33

MALAWI
Estudo analisa visão da sociedade sobre questões LGBTI+



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A esmagadora maioria dos cidadão do Malawi acham que os direitos humanos LGBTI+ devem ser protegidos, mas ao mesmo tempo a maioria não aceita a ideia de ter uma pessoa homossexual na família, de acordo com um estudo divulgado pela primeira vez esta semana.

MALAWI: Estudo analisa visão da sociedade sobre questões LGBTI+

Um terço dos inquiridos disseram que as pessoas trans merecem direitos humanos e devem ser protegidas da violência, enquanto metade disse ter denunciado pessoas trans às autoridades, segundo o relatório do grupo de direitos LGBTI+ da África do Sul, The Other Foundation.

Conforme reporta o Swoetan Live esta foi a primeira vez que um estudo sobre atitudes em relação a questões LGBTI+ foi realizado no Malawi, este país do sudeste da África com quase 19 milhões de habitantes, que faz fronteira com Moçambique, Zâmbia e Tanzânia, .

O Malaui criminaliza a conduta entre pessoas do mesmo sexo, e as pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transgéneras e intersexo (LGBTI+) enfrentam regularmente violência, ameaças e discriminação, de acordo com o Human Rights Watch.

Mas este novo estudo vem lançar uma luz diferente sobre a forma como a sociedade deste país considera as questões LGBTI+, como explica à Thomson Reuters Foundation o investigador principal Alan Msosa e académico da Universidade de Bergen, na Noruega.

Por exemplo, 80% acreditam que o sexo homossexual está errado, mas um em cada três acredita que Deus ama as pessoas em relacionamentos do mesmo sexo Alan Msosa, Universidade de Bergen

Mas quando se usam idiomas locais para termos como 'justiça, justiça e inclusão' sobre 'direitos humanos', descobrimos que as pessoas são mais tolerantes nos seus pontos de vista.

O primeiro estudo a nível nacional sobre questões LGBTI+

O estudo contactou pessoalmente 1.300 indivíduos, e as perguntas foram respondidas anonimamente e explicadas nos idiomas locais. Antes deste estudo, havia poucos dados sobre as visões da sociedade do Malawi e a importância da comunidade LGBT+, disse Jessie Kabwila, ex-membro do parlamento do Malawi e ela própria investigadora de direitos humanos mas não envolvida no estudo. Segundo ela esta pesquisa realizada localmente e usando os idiomas locais mostra que as percepções estão mudando nas questões de género e sexualidade e que "há luz no fundo do túnel".

O estudo constatou que 87% dos inquiridos apoiavam a proteção constitucional dos direitos humanos LGBTI+.

Rejeição de diversidade de género, orientação sexual, aceitação das questões intersexo

O estudo também revela que a visibilidade é diferente entre LGB e T e I no país: 1 em cada 4 conhece uma mulher trans e 1 em cada 10 conhecer um homem trans e 8% conhecem uma pessoa intersexo, mas apenas 7% conhecem um homem gay, e 5% conhecem uma mulher lésbica.

E se 90% disseram que não poderiam aceitar um homem gay ou uma mulher lésbica na sua própria família, 4 em cada 5 não teriam problemas em ter uma pessoa intersexo na sua família, e 9 em cada 10 não diriam a uma pessoa trans para manter a sua identidade de género em segredo.

Na mesma linha as relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo são consideradas como "contra-natura" por 90%, e quase um em cada quatro disse que poderia ser violento em relação a pessoas trans no futuro, mas 85% defendem que as pessoas intersexo devem ser aceites e incluídas na cultura e tradições do país.

Mensagem importante

O estudo também constatou que 3,5% dos dos inquiridos se auto-identificou como LGBTI+, mais do que o dobro da África do Sul, onde a igualdade no casamento é uma realidade.

Estes resultados transmitem uma forte mensagem ao governo do Malawi, aos líderes tradicionais, e sistemas de educação e saúde para atender às necessidades da comunidade LGBTI+, disse Kabwila.

Já Eric Sambisa fundador do grupo de direitos LGBTI+ da Nyasa Rainbow Alliance explica que "Esses dados mostraram que existimos". Ele explicou que os poucos estudos sobre grupos LGBTI+ e atitudes da sociedade até agora tinham-se concentrado no VIH e para este homem (que foi a primeira pessoa a se afirmar gay na televisão nacional em 2016) é muito importante esta mudança de visão destas questões.

MALAWI: Estudo analisa visão da sociedade sobre questões LGBTI+

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