"Depois de ter começado a emagrecer muito rapidamente fiz o teste da sida e deu positivo. O meu marido também fez, mas foi negativo, pelo que ele disse que não podia continuar a viver com uma mulher seropositiva e acabamos por nos separar". As palavras são de Amélia Paulo, 29 anos, para quem o seu casamento acabou com uma "separação que não foi digna nem correcta". No entanto, o seu maior lamento reside no facto de ter descoberto que era seropositiva "muito tarde", o que fez com que transmitisse o vírus a dois filhos que vieram a morrer.
Para evitar que outras mulheres vivam o mesmo problema, Amélia Paulo tornou-se numa activista da luta contra a sida, o que também lhe permitiu encontrar um novo objectivo de vida.
A infecção com o vírus da sida também foi a causa para o fim da relação que Jurema Sebastião, 27 anos, mantinha há vários anos com o seu companheiro, também seropositivo. "Estou separada porque o meu companheiro nunca quis assumir o seu estado", revelou a jovem, ao admitir que sofreu "muita discriminação por parte das vizinhas do bairro onde vivia".
Um preconceito que Maria Francisca também tinha, até descobrir que também era seropositiva, o que a levou a inverter a sua posição e tornar-se também numa activista contra a sida. "Ajudo várias mulheres seropositivas, especialmente nos hospitais e nas ruas, mas também vou a casa delas para lhes dar o apoio moral", afirmou à Agência Lusa.
Estas três mulheres seropositivas integram um grupo de cerca de sete dezenas que assinaram a acta de constituição da Associação das Mulheres Infectadas e Afectadas pela Sida.
A associação tem como objectivo aumentar o nível de informação das mulheres para os perigos da sida, de forma a contribuir para a diminuição do número de novos casos da doença.
Angola tem a mais baixa taxa de prevalência de sida da África Austral, mas as Nações Unidas têm alertado para a necessidade de combater os indícios de alastramento da doença.
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