Os organizadores da iniciativa, que ontem promoveram uma conferência de imprensa em Lisboa, fundamentam a sua exigência nas alterações à Constituição Portuguesa, introduzidas pela revisão de 2004, que proíbem qualquer discriminação com base na orientação sexual.
"A noção de que a procriação é a base do casamento é retrógrada. Se assim fosse, os casais heterossexuais que não quisessem ou não pudessem ter filhos estariam impedidos de se casar. O que é um perfeito disparate", diz Rui Zink. "As pessoas só falam da família tradicional, porque nunca viveram nela", acrescenta Inês Pedrosa. Os dois escritores serão os "madrinhos" da sexta marcha nacional do orgulho LGBT, da responsabilidade da Associação ILGA Portugal, do Clube Safo, da Associação Não Te Prives e da Associação Panteras Rosa.
Para os intervenientes, é preciso que todos dêem a cara na luta contra a homofobia e os actos de violência sobre homossexuais, seja qual for a sua orientação sexual. "O silêncio é uma forma de cumplicidade, se aceitarmos as coisas como estão, elas vão continuar", diz Inês Pedrosa. Para Manuel Cabral Morais, da ILGA Portugal, "a marcha é um momento de orgulho e afirmação, contra os preconceitos e pela igualdade de direitos". Na manifestação, comemora-se também o dia 28 de Junho de 1969 - data em que, na sequência do funeral da actriz Judy Garland, já então um ícone gay, cerca de 200 frequentadores do bar Stonewall Inn, em Nova Iorque, se revoltaram contra agressões verbais e físicas das autoridades policiais naquele local.
Na noite de sábado, decorrerá ainda no Parque do Calhau, em Monsanto, o Arraial Pride - evento que pela segunda vez integra as festas de Lisboa e que contará com a presença de vários artistas, bandas e DJ, onde se esperam perto de 10 mil pessoas. "No arraial aparece mais gente, porque é à noite e não há tanta exposição", acaba por confessar Eduarda Ferreira, do Clube Safo.
Mais informações em www.portugalpride.org .