A destacar, Pedro dos portugueses André Santos e Marco Leão, If i met a magician do israelita Shaked Goren e, Moms on fire da polaca Joanna Rytel.
Pedro
Pedro é um jovem semi-aliado que vive com a sua mãe, uma senhora típica no limiar de uma depressão originada por uma carência afetiva. Eventualmente por isso, tem uma relação próxima com o filho fisicamente falando mas distante intelectualmente falando.
A frase “temos que estar na praia ás dez” como uma imposição quase laboral é depois contradita na praia quase que a lançar a decisão no outro, “se calhar viemos muito cedo”, eventualmente sim a praia 19 estava deserta.
Fica a ambiguidade, será que a mãe escolheu aquela praia porque sabia que o filho era gay? será também por isso que invade o WC lá de casa quando ele esta nu dirigindo-se para o banho? ou falamos mesmo de uma relação próxima e distante ao mesmo tempo que tem uma certa indiferença? nada é claro, e isso é bom neste caso.
If i met a magician
Já o filme de Shaked Goren, suscita outros sentimentos, talvez roçando o pânico. A personagem é um militar israelita que, como todos os outros militares e população em geral, vivem ao som das sirenes que anunciam a proximidade de mais um míssil. Duas cenas marcam, a meu ver, o filme: uma primeira é uma comédia lamentável, as primeiras cenas mostram um grupo de militares a resguardar-se porque a sirene foi acionada, e numa das vezes passa um carro civil pelo grupo que diz tratar-se de uma avaria do sistema, não há míssil nenhum. Nós algo familiarizados com esta guerra depara-mo-nos com a sensação que estes como os do outro lado são apenas carne para canhão: uma comunicação via rádio alertando para a avaria não lhes ocorreu, deixar soldados à beira de um ataque de nervos não é importante.
A segunda cena surge quando a personagem principal está num bar gay e tem um flirt junto ao WC do bar. O seu engate percebe que ele é militar e inicia o processo de realização quem sabe da sua fantasia: sexo com um militar! Retira do saco a camisola da farda e veste ao nosso herói, depois a arma, e pelo meio os toques mais ou menos bruscos dizem à nossa personagem que tudo que ele não quer é aquela farda, aquela arma que empunha com vigor afasta assustado o seu engate. Um filme ligeiro mas que dá que pensar.
Moms on fire
Mas nada como regressar os tempos de infância e rever um filme em que as personagens não são de carne e osso, mas de plasticina. “Moms on fire” é a delicia lésbica de duas mulheres grávidas que dizem ao mundo que as grávidas também têm sexo. Os diálogos dos seus filhos ainda pequenos e os comportamentos visuais do gato sem pelo, um Sphynx, são hilariantes. Desta forma meio "light" um assunto que não se cuida, por tabu e ou ignorância, é aqui debatido. Por outras palavras: a brincar falou-se de coisas sérias.
João Paulo, editor PortugalGay.pt
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