O pontífice começa hoje uma visita de quatro dias à alemanha onde se espera uma recepção morna mesmo por parte de Católios alemães.
E a escolha dos locais da visita também não ajuda: o seu discurso no Estádio Olímpico de Berlim vai trazer a muitos a recordação dos jogos de 1936 presididos por Adolf Hitler no mesmo local. E para piorar a situação, o levantamento por Bento 16 da excomunhão de Richard Williamson, um bispo britânico que questionou o Holocausto e que abusou de crianças, também não ajudou.
Isto combinado com diversos escândalos de abusos sexuais em escolas católicas de topo na Alemanha levou a opinião pública a olhar de outra forma para o primeiro papa Alemão em quase 1000 anos.
Já para não falar de questões doutrinárias: como o celibato dos sacerdotes, a falta de abertura para colocar mulheres em todos os cargos da hierquia da Igreja Católica incluindo a possibilidade de serem sacerdotes e ainda a forma como o Vaticano trata gays, lésbicas, bissexuais e transexuais excluindo-os do acesso a ritos básicos da religião.
Isto tudo num país em que 1 em cada 3 pessoas não tem religião, e os restantes dois terços se dividem igualmente entre Católicos e Protestantes. Numa sondagem recente apenas 37% dos católicos e 14% dos protestantes acharam que o Papa ia dizer algo de importante durante a visita à alemanha.
E o Papa terá de engolir alguns sapos no protocolo da visita: Christian Wulff, o presidente, é um católico em segundo casamento, e Klaus Wowereit, o presidente da Câmara de Berlim, é católico e abertamente homossexual. A embaixada do Vaticano foi atacada esta quarta-feira com bombas de tinta tal como foi uma igreja católica próxima. Cerca de 100 deputados farão boicote ao discurso de Bento 16 no Bundestag, a câmara baixa do parlamento com 622 deputados eleitos.