A revista Newseek desta semana (nas bancas a 21 de Julho) tem como capa a história deste assassinato no 8º ano.
Um estudo revelou que a média de idade quando as crianças se auto-identificam como homossexuais desceu para 13,4 e os pais descobrem em média um ano depois. Mesmo em tempos em que a homossexualidade é mais aceite em termos sociais, a perspectiva de ser abertamente gay em meio escolar levanta um conjunto de questões perturbadoras. As crianças querem poder fazer o que todos os outros fazem mas sem terem consciência dos problemas que podem ter. Por outro lado os professores e pais estão eles também com graves problemas de comunicação e compreensão no que toca à sexualidade e afectos das crianças. No meio ficam as escolas como terreno de batalha.
King era uma criança problemática... era um miúdo agitado, e que ao ver ignorada a sua sexualidade usava-a como arma de defesa, chocando alguns menos tolerantes. King era um miúdo pequeno para a idade mas dava muito nas vistas: usou acessórios femininos, pintou as unhas e usou base rosa ou branca na cara e chegou mesmo a usar saltos altos na escola, sem que isso perturbasse as suas brincadeiras de criança e as corridas no recreio. Aparentemente o pessoal da escola tentou encontrar um equilíbrio entre o direito à auto-expressão e a pertubação de terceiros. Em resposta aos insultos e troça de outros colegas no balneário, King respondia "tens um olhar quente" aos outros rapazes enquanto se vestiam, conta a mãe de um aluno.
King assumiu-se cedo... mas é preciso compreender que para crianças a questão da orientação sexual é muito mais sobre afectos e emoções do que sexo propriamente dito... há crianças que com a idade de 10 anos já têm consciência da sua orientação sexual, e começam a assumir esta identidade cada vez mais cedo pois a palavra "gay" começa cada vez mais a fazer parte do vocabulário do dia a dia. Mas o pessoal escolar parece ignorar esta realidade e não são capazes de lidar com a situação de forma adequada.
Segundo a polícia é óbvio que a morte de King poderia ter sido evitada, o acesso a armas por menores e o papel dos assistentes sociais nas escolas são dois dos temas levantados por Jerry Dannenberg. Por outro lado parece haver alguma empatia por Brandon McInerney, embora sem que tal justifique o assassinato: "nós falhamos em apoiá-lo", diz uma professora, "não sabiámos que o assédio moral vinha também do outro lado e o Larry estava a forçar os limites ao máximo, porque gostava da atenção".
O que aconteceu com King e McInerney foi certamente extremo, mas que tem implicações todas as escolas nos EUA. "Se queremos estar absolutamente certos de que isto não vai voltar a acontecer", diz Elaine Garber, 81 anos, na direcção da escola há 48 anos, "esta situação tem de ser discutida mais aprofundadamente."
McInerney está aguardando julgamento que deve começar esta semana com acusação de homicídio qualificado e um crime de ódio.
